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Maria Lucia Fernandes Paiva

1957 - 2020

Cozinheira de mão cheia, essa nordestina encantou o Rio de Janeiro.

Saiu do Ceará aos 13 anos para tentar a vida no Rio de Janeiro. Dedicou toda a sua vida a cuidar de pessoas, trabalhando em projetos como os da antiga FEBEM, onde cuidava de menores carentes; e da Sagrada Família, onde era a responsável pela creche.

Foi no Rio de Janeiro que ela encontrou o grande amor da sua vida. Companheiro por 45 anos, ainda eram entusiasmados um como outro, e andavam de mãos dadas... pareciam adolescentes.

O contato com a dor do outro forjou seu coração forte, apesar de toda pureza.

Uma cozinheira de mão cheia, aos domingos sempre rolavam muitas comidas em casa: tinha o empadão, o bolo de banana e o famoso cuscuz, que enfeitava as redes sociais da família toda.

"Dona Lucia", como era conhecida, dizia: “Quem não vive para servir, não serve para viver!”. E foi isso mesmo que fez da própria vida, se dedicou aos que conviveram com ela e foi a base forte da família.

Seu neto adorava visitá-la para dormir agarradinho e a chamava de "Vovó da Lua", que era o nome da cachorra. Estava no maior entusiamo em saber que seria avó de novo, estava aguardando a Clarice, nome inspirado na escritora do livro "A Hora da Estrela", que retratou de forma lúdica uma história parecida com a dela, sobre as dificuldades de uma nordestina na cidade grande.

Todos que tiveram o prazer de conhecer essa mulher espetacular, que era caridosa, amorosa e tinha um coração enorme, agora imaginam ela virando uma estrela e iluminando os seus caminhos.

Maria nasceu no Ceará (CE) e faleceu em Niterói (RJ), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Maria, Dilson Fernandes Paiva. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Alessandra Capella Dias, revisado por Didi Ribeiro e moderado por Rayane Urani em 16 de junho de 2020.