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Maria Lúcia Paixão

1954 - 2020

Aconchego de filhos e netos, sua casa era abrigo; sua presença, pilar e fé.

Mulher simples, dedicada e cuidadosa, Maria Lúcia teve cinco filhos: Wanderley e Edvaldo, do primeiro casamento; Edlene, Evilene e Ednelma, do segundo, com Antônio Edson Gomes, com quem estava casada havia mais de 40 anos. E os netos também foram abraçados como filhos. Leonardo, o neto primogênito, foi o primeiro a morar com ela. Depois foram Ítalo e Toinho.

Agradecidos pela presença estruturante de Maria Lúcia na família, eles fizeram questão de participar desta homenagem à mulher que foi o centro da vida familiar.

Religiosa, era ministra da Eucaristia e do Apostolado da Oração. “Era a fé que sempre a deixava mais forte, mesmo no leito de morte. Internada no hospital, ela dizia: ‘Nossa Senhora está cuidando de mim’”, lembra a filha Evilene.

Devota de Nossa Senhora, uma das grandes alegrias da Dona Maria era ir à Igreja Nossa Senhora da Consolata, onde se consagrou Ministra da Eucaristia. “Eu tive a grande honra na minha vida de receber por vários momentos o Corpo e o Sangue de Cristo pelas mãos da minha mãe”, conta Evilene, que também é devota. Ela lembra, com encantamento, que a mãe nasceu em 20 de junho, dia de Nossa Senhora da Consolata!

Os cachorrinhos da raça poodle eram fonte de alegria para Dona Maria. “Todas as tardes, ela dedicava um tempo para cuidar de cada um: Leleco, Maria, Belinha, Paul e Caramelo”, afirma a filha Ednelma.

Não perdia as festas que a filha Edlene organizava. “Desde aniversário de café da manhã, almoço com churrasco ou feijoada e as tradicionais festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo, ela sempre estava presente em tudo o que eu fazia”, conta a filha Edlene.

O filho Edvaldo recorda que a mãe gostava de celebrar a alegria da família com música: “Mamãe gostava de ver a gente bem. E, quando estava alegre, ouvia as músicas dos anos 1980, como Julio Iglesias, Amado Batista, Roberta Miranda, Pinduca, Zezé de Camargo e Luciano”.

Edvaldo ainda lembra as pescarias e costuras da mãe: “Quando eu era pequeno, era ela quem fazia as minhas roupas. E ela gostava de pescar. Dava para ver no seu rosto como ficava feliz”.

O neto Leonardo recorda com detalhes a convivência diária com a avô/mãe. “Quando faço comida, lembro-me dela falando: ‘Não consigo comer sem feijão’”.

Wanderley, o filho mais velho, é antropólogo. Desde cedo trabalhou junto aos povos indígenas em Roraima, principalmente os Yanomami. A mãe não gostava que o filho ficasse longe. “Ela sempre dizia que eu tinha que fazer outra faculdade porque essa que fiz, eu só vivia viajando para o mato”, relata o filho, que também de lembra carinhosamente dos muitos outros conselhos da mãe: “Uma das coisas que me falava era para eu me organizar na vida, ter as minhas próprias coisas.”

Para o companheiro Antônio Edson, sargento aposentado da Polícia Militar de Roraima, Maria Lúcia foi uma bênção em sua vida. “Ela me escolheu para ser seu marido e eu a amava demais. Só tenho que agradecer a Deus por ela. Quando começamos a viver juntos, tínhamos pouco dinheiro e fomos construindo a nossa casa, depois eu entrei na Polícia. Ela era uma mulher muito dedicada e trabalhadora – era servidora pública da União. Eu era tudo pra ela e ela era tudo pra mim”, conta.

A família se despede dessa mãe dedicada, avó cuidadosa, esposa fiel, certos de que ela descansou nos braços do Pai.

Maria nasceu em Barcelos (AM) e faleceu em Boa Vista (RR), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Evilene Paixão Gomes. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Denise Stefanoni, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 8 de março de 2021.