1947 - 2020
Contrariou e venceu todos os obstáculos, realizando projetos e sonhos.
Esta é uma carta aberta, escrita pelas mãos amorosas do neto Samuel, para sua avó Maria:
Maria, nordestina guerreira que sempre lutou por aquilo que acreditava. Não deixava ninguém lhe dizer o que fazer ou como viver sua vida. Coitado daquele que tentasse.
Desde muito cedo lutou para sair do interior do Ceará e, na capital do Brasil, trabalhou muito em busca de seus sonhos. Sofreu com uma sociedade machista e, também, com a violência. Contrariando todas as expectativas, tornou-se funcionária pública.
Lutou muito para criar os filhos, tarefa concluída com êxito! Após muitos anos de trabalho, retornou para o nordeste tão amado por ela. Em seu tempo livre, gostava de praticar esportes, ir à praia e tomar uma boa caipirinha.
Mas Maria não nasceu para ficar em um lugar só, simplesmente não conseguia. Depois de muitas viagens, decidiu que iria conhecer os Estados Unidos da América. "Dona Maria, a senhora não fala inglês", argumentavam os filhos e os netos. Prontamente, ela respondia: "Lá eu dou um jeito!", e foi.
Ao voltar para o Brasil, descobriu que trouxe dos EUA mais do que as lembranças.
Mesmo internada, dizia aos médicos que "não era esse vírus que iria derrubá-la". Já havia superado a doença de Chagas e uma meningite e, quem seria essa tal de Covid-19 para derrubá-la?! Infelizmente, derrubou.
Dona Maria deixa quatro filhos, nove netos, incontáveis amigos e um enorme vazio, afinal ela sempre foi o coração da família.
Maria nasceu em Tamboril (CE) e faleceu em Brasília (DF), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo neto de Maria, Samuel Dourado. Este tributo foi apurado por Thyago Soares, editado por Ana Macarini, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de setembro de 2020.