1937 - 2020
Pintou sua alegria nos corações curitibanos e recebeu o título de “idosa mais fotogênica de Curitiba".
Vó Tita, mulher guerreira, de princípios éticos e fibra; era determinada e apaixonada pela família. Caprichosa em seus bordados, de grande presteza e principalmente muito amor e dedicação na criação dos netos e do bisneto.
"Eu quero ir pra casa, a comida do hospital é muito ruim", foram as palavras de uma senhora muito bem-humorada, que teve força e determinação para criar suas duas filhas, mesmo após a perda de seu marido, com quem se casou aos 17 anos. Nunca desistiu de seus sonhos, trabalhou duro e sempre fez todas as vontades de quem ela amava.
Sem dúvida, bordar lhe tocava a alma; mesmo com todas as dificuldades de enxergar e movimentar as mãos, ela persistia e amava o que fazia.
Fã de carteirinha do Coritiba Foot Ball Clube, não perdia um só jogo e, sempre que possível, também assistia aos jogos da seleção brasileira. Com seus netos e bisneto, os momentos partilhados eram só alegria, mesmo sabendo que eles torciam para o maior rival do seu time do coração, o Club Athletico Paranaense; Vó Tita era muito brincalhona e levava tudo na esportiva.
Certa vez, um cidadão entrou na casa de uma de suas filhas, onde ela passava a tarde, cuidando dos netos. Ao avistar o indivíduo e perceber que o mesmo estava furtando o cobertor favorito do seu neto, Vó Tita saiu correndo pela rua atrás do desafortunado até alcançá-lo. Ao recuperar o cobertor, Vó Tita deu uma bronca no dito-cujo e voltou para casa indignada.
Costumava andar pela casa arrastando os chinelinhos. Era fácil saber onde estava, pelo som. Agora, só ficou a ausência, daquele ruído que era tão seu, daqueles passos só nos resta sentir saudade.
Tudo que ela mais desejava era ver seus netos e o bisneto formados e encaminhados na vida. E conseguiu! Quando seu bisneto entrou para a faculdade, costumava dizer: “agora não me falta mais nada. Já posso partir em paz.”
Maria nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Maria, Carin Cristine Peretti Guimarães. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Tamires Moreno, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de outubro de 2020.