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Maria Santana Farias

1959 - 2020

Mesmo em dias nublados, permanecia reluzente, enquanto tecia roupas e conselhos para quem amava.

Era uma pessoa extremamente carismática e que gostava muito de conversar. Conversava com todos e sobre qualquer assunto.

Adorava fazer bolos e pastéis, gostava de fazer caminhadas e amava ficar sozinha em casa — muitas vezes ao telefone, falando horas e horas com os familiares.

Dedicou sua vida à família, aos amigos, irmãos e irmãs. Foi uma mãe incrível, uma filha espetacular e também uma grande amiga.

Era o alicerce que sustentava toda a estrutura familiar. Ela se foi e todos estremeceram.

Também conhecida como Dona Santana, em agosto de 2020 comemoraria seu aniversário de 60 anos. Planejavam fazer um bolo, mas não tiveram tempo. “O bolo de chocolate dela era simplesmente mágico e eu amava”, conta, com o sabor vivo em seu paladar, o sobrinho Wendell, que era seu afilhado e quase um filho para ela.

"Sinto um profundo vazio em não vê-la mais, em não ter mais o seu carinho e o seu abraço. Hoje o mundo é um lugar melhor porque ela existiu. As saudades serão eternas", disse ainda o sobrinho.

Wendell não pôde se despedir, mas guarda consigo lembranças do sorriso de Dona Santana nos últimos momentos compartilhados em união. Ele comungou de seu amor e generosidade. “Uma vez, passei por uma discussão com um parente, e ela me deu total apoio. Nunca vou me esquecer disso. E também, quando caí de moto pela primeira vez, quem tirou os pontos foi ela. Sinceramente? Aos meus olhos, ela era uma pessoa perfeita."

Com uma fé inabalável, Dona Santana frequentava a igreja com comprometimento e honra ao nome de Deus. Portanto, os familiares acreditam que seus últimos suspiros foram de alegria, entregando sua vida ao Pai. Que assim seja eterna, Dona Santana!

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Ela era uma amiga, colega, tia, mãe e avó muito especial.

Em sua missão, não bastava enxergar a vida com olhos entusiasmados, daqueles que deslumbram o lado bom das coisas. Dona Maria também precisava contagiar as pessoas com o seu ânimo de viver disfarçado entre as linhas de seus conselhos.

Quem convivesse em sua presença poderia compartilhar, por horas, conversas inspiradoras acompanhadas dos pastéis que eram sua especialidade.

Nos momentos sombrios da sua trajetória, incluindo os últimos, continuava a sustentar uma coragem ímpar ancorada pela fé em Deus.

Seu coração era enorme, pintado da cor do amor. Nele moravam seus cinco filhos. Os biológicos Ronald Viana, René Viana, Raylan Viana. E os adotivos Diego Farias e Wendelll Farias. Os homens de sua vida. Já que Dona Maria nunca precisou de um companheiro para elevar sua grandiosidade. O amor-próprio lhe bastava.

O afilhado Diego, por meio de seu depoimento, revela que gostaria de mostrar ao mundo toda a beleza de Dona Maria. “Linda, batalhadora, merecedora de tudo o que tinha. Foi uma grande honra ser seu 'filho', seus cuidados foram essenciais para me tornar quem sou hoje. Como posso explicar o amor de uma mãe? Amor de mãe é arrebatador. É aquele que consegue forças mesmo quando tudo parece estar esgotado. Sendo assim, é o mais puro e verdadeiro de se ter”.

Diego sabe que nem as mais singelas palavras dão conta de descrever a imensidão dessa mulher. Hoje seu coração sente a saudade e a esperança de um reencontro futuro. E Dona Maria? Dona Maria constantemente há de abraçar-lhe por dentro, enquanto ele – e tantas outras pessoas que testemunharam sua generosidade – conservam vivos seus ensinamentos.

Maria nasceu em Limoeiro do Ajuru (PA) e faleceu em Moju (PA), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo sobrinho e pelo afilhado, respectivamente de Maria, Wendell Farias e Diego Farias. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Julia Palhardi e Laura Capanema, revisado por Didi Ribeiro e Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de junho de 2020.