1971 - 2020
Todas as manhãs, ela lavava sua calçada. O padeiro diz que continua a enxergá-la com a mangueira na mão.
Marina criou os dois filhos Leandro e Michael sozinha. Contou com a ajuda da mãe Josefa, as duas eram “carne e unha”.
Moradora da comunidade de Heliópolis, trabalhou duro para ter suas coisas. Aos poucos, foi construindo sua casa, e pagando o consórcio do carro. Há alguns meses, havia sido contemplada e não se aguentou de tanta alegria quando pegou a chave do carro. Como não sabia dirigir muito bem, seus filhos viraram seus motoristas particulares.
Ela era ótima anfitriã. “Quando a visitávamos, ela oferecia de tudo e ficava brava quando a gente não aceitava alguma coisa”, diverte-se o primo Diogo.
Todas as manhãs, ela acordava cedinho e lavava a calçada e o portão de casa. O rapaz da padaria em frente acostumou-se àquela companhia diária.
Marina e sua mãe não sobreviveram ao Covid-19.
O padeiro diz que continua enxergando Marina com a mangueira na mão, todas as manhãs.
Marina nasceu Paraná e faleceu São Paulo (SP), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Ticiana Werneck, em entrevista feita com primo Diogo de Souza, em 27 de maio de 2020.