Mário de Oliveira Santos

1957 - 2020

Tinha o hábito de ligar todos os dias para toda a família pra colocar o papo em dia.

Chamado de Mário por muitos, para os mais íntimos era Marinho; já para o irmão que veio com ele da Bahia, era o Tarzan. Os dois vieram de uma cidade pequena do interior do estado nordestino chamada Mutuípe.

Quando Mário chegou a São Paulo com seus pertences — que cabiam em uma pequena sacola — estava cheio de esperança e sonhos de conquistar uma vida boa e digna. Trabalhou muito em todo tipo de serviço, comeu muita banana com pão e dormia sobre sacos de cimento; orgulhava-se de nunca ter tirado nada de ninguém.

A vida demorou pra melhorar. Trabalhou no Esporte Clube em São Bernardo como motorista e depois a vida lhe deu uma chance auspiciosa para que pudesse realizar seus sonhos: foi ser funcionário da Volkswagen e lá ficou por trinta anos. Durante todo esse tempo nunca faltou ao trabalho um dia sequer. Vivia agradecendo a tudo que a vida lhe tinha dado.

Casou-se duas vezes. O primeiro casamento foi com Natalina, de quem se divorciou; mais tarde casou-se com Demia, com quem viveu um grande amor e esteve até seu último suspiro; teve quatro filhos. Era um lutador invencível, incansável... Gostava muito de viajar e amava a praia. Apreciava contar histórias que viveu na infância.

"Toda vez que saía de casa não querendo me acordar deixava bilhetes amorosos. Toda vez que me abraçava bem forte dizia que me amava e logo depois dizia assim: 'Você é minha e o boi não lambe; se lamber eu corto a língua e pinto de verde'. Nunca entendi o verdadeiro sentido da frase, mas achava engraçado. Foi um excelente marido, companheiro, amigo e pai de família", relembra a esposa Demia.