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Mario Duarte Barros Filho

1955 - 2020

Ele foi um líder nato, não só no âmbito profissional, mas no pessoal também, participando ativamente nas vidas e decisões da família.

O Mario era conhecido por muitos nomes: painho, vovô Imario, Marinho, e todos o representavam muito bem, conta a filha Natália, orgulhosa do pai que teve. E que pai ele foi!

De gênio forte e opinião firme, fez faculdade de administração e cursou técnico de estradas e rodagens. Trabalhou no comércio, empreendeu, foi dono de lanchonete e depósito; atuou em grandes empresas no ramo da construção e estava prestes a se aposentar pela Infraero.

A existência para ele não se resumia só ao trabalho. Era amante das coisas simples da vida, como o churrasco em família, as festas. Amava contar e recontar as histórias vividas: na juventude, foi boêmio, goleiro de futebol de salão e tinha o maior orgulho disso.

Sua palavra de ordem era viajar. Muitas vezes arrumava as malas, nas suas viagens com a família, só com roupas de frio e de banho, a mala mais maluca do mundo. No caminho iam descobrindo o destino final e experimentando tudo que uma viagem sem muito planejamento poderia proporcionar. Era uma festa viajar com ele. Amava também as histórias de guerra, principalmente da Segunda Guerra Mundial. Realizou o seu sonho de viajar pelos diversos pontos importantes que marcaram esses eventos. Era visível a alegria nos seus olhos.

"Ele era nosso alicerce, nosso porto. Nada eu decidia sem ter seu aval antes, sua mais sincera opinião", lembra a filha Natália.

Participou de tudo na vida da filha que sempre teve seu colo e os mais diversos conselhos. Ele a ensinou que a vida é pra ser vivida, que devia curti-la ao máximo: viajar, estudar, brincar, dançar, ter amigos, formar uma família, e brincar com as mais diversas situações. O Mario deixou impresso muito de si na Natália, inclusive seu gênio forte e pavio curto, ela admite.

Com o filho não foi diferente. O mesmo nome, algumas manias e trejeitos. Ele aprendeu a assinar imitando a sua assinatura. Era seu grande fã, desde pequeno. E, assim como o pai, tornou-se goleiro, e dos bons. O melhor lugar do mundo para o filho era estar ao lado dele, tomando uma cervejinha e conversando sobre a vida.

Como marido, foi companheiro, segurou na mão da sua amada desde que tinha 17 anos. Juntos, formaram uma bela e unida família.

Marinho fez muitos amigos, mais do que podia contar. E quando achou que já tinha sido de tudo, transformou-se no super-herói dos netos. Decidiu que seria o melhor avô que eles poderiam ter, e ele foi! Heitor, Arthur e Bernardo eram seus maiores amores e o amavam também. Que privilégio desses três. Saber dos netos era o que o deixava feliz e esperançoso.

Mario deixa a esposa, dois filhos, três netos, o grande amigo Alexandre, que até seus últimos momentos consciente, falava com ele diariamente e o apoiava, e tantos outros amigos. Todos saudosos e relembrando a sua alegria.

Sua missão foi cumprida. Que descanse em paz é o que lhe deseja sua família.

Mario nasceu em Recife (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Mario, Natália Freire Barros. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Rosa Osana, revisado por Renata Montanari e moderado por Rayane Urani em 14 de junho de 2021.