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Marisa Campos Barcellos

1957 - 2020

Adorava cuidar e curtir sua família. Celebrava o aniversário de cada um e tinha presente para todos no Natal.

"Fé é a palavra de ordem". Essa era a frase que Marisa exibia em seu status no aplicativo de mensagens; uma frase que encaixa bem na vida de uma pessoa que sabia o que era devoção, não apenas no que diz respeito às suas crenças, mas especialmente com relação àqueles que mais amava.

Aline, filha única, conta que a palavra "não" era inexistente no vocabulário da mãe, que "fazia de tudo para ver sua família e seus amigos felizes" estando sempre disposta a ajudar, não importava a hora.

Filha mais velha de Dona Dyrce e Seu Ary, Marisa foi mãe e pai. Conhecida por ser uma mulher guerreira; além de criar Aline, também trabalhou fora por muitos anos e seguiu na ativa mesmo depois de se aposentar. Foi a filha que insistiu para que a mãe parasse e fosse aproveitar um pouco mais a vida.

Aproveitar a vida era algo que Marisa fazia com seu próprio jeitinho. Se destacava entre os seus por ser uma pessoa alegre, que adorava viver. Adorava dança de salão e chegou a fazer aulas junto com a filha. Curtia uma boa cervejinha na companhia do genro Jorge e do irmão Edmilson, e de pegar uma piscina com familiares e amigos. Gostava muito de ir à praia e às cachoeiras.

Fã de churrasco, reunia a família aos finais de semana na casa em que morava com a mãe Dyrce e os irmãos Sueli e Edmilson. Além de Aline e Jorge, também recebia o neto Everton e Neide, mãe de seu genro, que também estava sempre presente nos momentos de descontração e lazer.

Marisa gostava muito de celebrar os bons momentos. Adorava aniversários e fazia questão de comemorar o seu próprio e das pessoas da família. Certa vez, em uma festa para o genro Jorge, fez uma sopa de ervilha e salgou demais! Em meio a risos e brincadeiras, todos comeram mesmo assim, talvez pela certeza de que Marisa merecia essa consideração.

A questão é que, apesar de ser uma formiguinha que adorava fazer bolos, o forte da Marisa nas celebrações era mesmo a decoração. Fazia as lembrancinhas das festas do neto Everton e arrumava a casa de modo temático para as comemorações de fim de ano. No Natal, sempre tinha presente para todos.

E por falar em presente, o maior que ela própria ganhou foi o título de avó, seu maior desejo. Se antes Marisa já tinha dificuldades em dizer "não", com o nascimento de Everton isso se intensificou. Ficava com o menino na piscina, jogava bola e brincava com os bonecos; o tinha como sua verdadeira paixão e lhe fazia de tudo e mais um pouco!

Aline diz que a mãe sempre foi muito ligada à família e era comum que se colocasse em segundo plano para dar cuidados e levar alegria aos seus. Não é sem motivo que Marisa deixou no coração de cada um deles "uma lembrança viva e uma afeição que jamais se apagará".

Marisa nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Marisa, Aline Campos Barcellos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de setembro de 2020.