1966 - 2021
Nas situações atípicas ou nas ocasiões festivas, era sempre a primeira a se mobilizar para ajudar.
Marlene era uma pessoa extremamente religiosa, bem-humorada e alegre. Muito transparente nos sentimentos e em suas emoções, ela demonstrava não dar importância à discrição. Sua presença era notada em qualquer ambiente que estivesse, pois dava gargalhadas altas e brincava com todos. O inverso também era verdadeiro, ficava aos prantos quando chorava.
"Sou uma sobrinha, entre a dezena de sobrinhos, e posso dizer que a Tia Marlene era uma pessoa intensa. Asseguro que ela não conseguia conter suas emoções, aliás, ela nem via necessidade disso. Meus primos e eu, por exemplo, recebemos pelo menos uma 'mordida' dela quando éramos bebês. Quando ela via um bebê fofo, tacava-lhe uma mordiscada", conta Gabriela.
Casou-se com Jacir, carinhosamente conhecido como Nenê, união que durou trinta e oito anos até sua partida. Na adolescência, Marlene mudou-se do Paraná para Santo André e foi morar perto da casa de Jacir. Em meio às brincadeiras de rua da vizinhança, os dois se conheceram e apaixonaram-se. Tiveram quatro filhos: Elton, Andressa, Thayla e Mayra.
Atuou por muito tempo na administração da empresa da família, deixando de trabalhar tempos mais tarde. Extremamente comunicativa e nada tímida, não se acanhava em oferecer ajuda. A iniciativa generosa partia sempre dela - quando todos percebiam, ela já estava fazendo alguma coisa para ajudar a pessoa necessitada de auxílio. "Quando a minha mãe quebrou o braço, ainda que nada fosse pedido, Tia Marlene aparecia todo dia lá em casa para ajudá-la. Certa vez, uma outra tia teve um acidente vascular cerebral e necessitou permanecer muito tempo internada, desse modo, Tia Marlene sempre ia dormir com ela no hospital. Esses cuidados estenderam-se mesmo quando aquela tia acometida do AVC recebeu alta médica e retornou para casa", conta a sobrinha Gabriela, que ainda complementa: "Seu espírito compassivo e sua generosidade eram destinados a desconhecidos também, pois a minha mãe sempre me conta que, em determinada ocasião, ela estava andando com Tia Marlene pelo Centro de Santo André, quando um morador de rua pediu um trocado para Tia Marlene e ela entrou numa loja e comprou um cobertor para o homem".
Era da Congregação Cristã no Brasil, participava ativamente de muitos eventos da igreja e ia a mais de três cultos toda semana. Com seu habitual coração de ouro, sempre que vinham pessoas da Igreja de outros estados ou cidades, amava preparar um jantar para eles e recebê-los na casa dela. Muito devota, gostava muito de organizar orações quando a família se reunia.
"Juntamente com a saudade, permanece a certeza de que as próximas reuniões de família não serão tão barulhentas... Resta-nos, contudo, a lembrança de sua risada alegre e das possíveis brincadeiras que ela faria se estivesse sentada à mesa conosco", diz Gabriela.
Marlene nasceu em Cianorte (PR) e faleceu em Santo André (SP), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha de Marlene, Gabriela Maffei. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Ricardo Henrique Ferreira, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 3 de novembro de 2021.