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Marlene Moreira dos Santos Reversi

1968 - 2020

Foi o primeiro e mais importante amor na vida de sua filha.

“Mamis poderosa”, como sua filha Marina a chamava, foi uma supermãe de três filhos e uma avó amorosa para sua netinha Manu. “Minha mãe era poderosa mesmo, eu a via fazer coisas que eu não seria capaz de fazer”, conta Marina.

Marlene ia muito além de uma mãe, era a melhor amiga e confidente de sua filha. Apesar de não morarem mais na mesma casa, conversavam diariamente, compartilhavam as novidades, os segredos e até os problemas pessoais. Dava os melhores conselhos e o apoio que uma mãe poderia dar.

Também era uma vovó coruja muito apegada à sua netinha. Todas as tardes, religiosamente após o trabalho, ela buscava a pequena na casa de Marina e a levava de volta pela manhã. “A Manu morava mais com a avó do que comigo”, ressalta a filha.

Apesar da correria do dia a dia, Marlene sempre dava um jeitinho de se fazer presente na rotina dos filhos; seja ligando para saber como estavam, dando uma passadinha na casa da filha ou reunindo a família em casa aos domingos.

Cozinheira de mão-cheia, fez disso a sua profissão. Preocupava-se muito em saber se seus filhos estavam se alimentando bem, sempre levava para eles uma marmitinha de comida ou alguns quitutes deliciosos que ela preparava.

Tinha algumas paixões e hobbies específicos. Havia começado um curso de inglês do qual estava gostando muito. Também era apaixonada por música. Tocou teclado por mais de vinte anos e compartilhou com os filhos essa paixão. Ela não costumava se apresentar em público, seu negócio mesmo era tocar e cantar em casa com seus filhos, “era um momento muito gostoso de comunhão em família”, relembra a filha.

Na carta recebida em seu último Dia das Mães, sua filha Marina gravou no papel a frase que sela o amor, a união e a cumplicidade entre as duas: “Você foi o primeiro amor da minha vida e sempre será o mais importante”.

Amava tanto a família que partiu quase junto de seu filho, Jaiel Gieze Reversi, e sua mãe, Diva Marques Moreira dos Santos, que também perderam a vida para a Covid-19. As histórias deles também estão neste memorial.

Marlene nasceu em Araçatuba (SP) e faleceu em Guapiaçu (SP), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Marlene, Marina dos Santos Reversi. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Renata Alice Nunes de Oliveira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de outubro de 2020.