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Martinho Lira de Almeida

1951 - 2020

“Filha, minha felicidade é ver a minha família”, dizia ele.

Nordestino “pai d’égua”, que é como, na linguagem típica do nordeste, são tratadas pessoas, situações ou histórias divertidas, veio tentar a vida em terras cariocas ainda jovem e conseguiu vencer.

Seu Martinho era homem muito caseiro, que amava estar com a família. Casado com a amada Maria de Lourdes por 44 anos, com quem teve suas três preciosidades, as filhas Ana Paula, Amanda e Alessandra e os oito netos, para os quais adorava contar suas histórias de infância na Paraíba.

O grande prazer da vida, para ele, eram os churrascos no final de semana, quando reunia, além da família, seus muitos amigos. Na verdade, estar em casa era sempre um prazer.

Nesses encontros de final de semana, fazia muita brincadeira, ouvia forró, cumpria apostas. Na final da Libertadores, por exemplo, o tricolor teve que vestir a camisa do rival Flamengo e ainda gritar “É Gabigoooolll"! E tudo isso com sorriso estampado no rosto e um tantinho de “fogo etílico”. Aliás, quando bebia e ficava alegre, pegava os óculos escuros e um violão antigo... e já posava todo garboso. Ele adorava tirar fotografias!

Um dos grandes pesares que a filha Ana Paula guarda, é saber de seu descontentamento pelo tempo distante de casa, durante a internação. Seu Martinho jamais dormia fora de casa...

Mas o consolo vem, ao lembrar da sua personalidade alegre, generosa e positiva. Além da lembrança das palavras que dizia ao netinho mais novo, o seu “xodó”, que soa na memória como se estivesse ainda ouvindo: "vem aqui dar um cheirão no vovô!"

Martinho nasceu em Gurjão (PB) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Martinho, Ana Paula Brandão Lira da Silva. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Hélida Matta, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2020.