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Maurício Lopes Miranda

1959 - 2021

Motorista ou passageiro, viajar era a sua paixão e a estrada era sua morada.

Eram dois os amores de Maurício: sua família, e as viagens que fazia com seus amados e amigos. Era mesmo um aficionado por viagens. A filha Thuany e o genro Lucas contam que “sua alegria era colocar o carro na estrada e viajar”. Tinha verdadeira paixão pelo movimento, não importando o veículo. Gostava das imensidões das paisagens por onde passava e dos lugares que visitava. “Seu sonho era comprar um ônibus para viver na estrada com a galera”, afirma a filha.

Essa paixão pelas pistas nos dá um indício de qual era o esporte favorito do pai de Thuany; sim, a Fórmula 1. Lucas relata que era fácil encontrar seu sogro aos domingos de manhã; estava sempre em frente à televisão e torcendo para Lewis Hamilton. Seu gosto pelos deslocamentos o motivava a trabalhar como motorista nas horas vagas.

Maurício era uma pessoa polivalente, sabia e fazia de tudo. “Era uma pessoa de talentos”, reconhece sua filha. Além de motorista, já foi guia turístico e instrumentista autodidata. Era ativo e prestativo. Thuany conta que seu pai tinha vocação para ajudar as pessoas e era muito dedicado aos outros.

A filha ainda conta que Maurício não recusava quitutes brasileiros, ele amava um franguinho, um churrasquinho e uma coxinha. A combinação pastel com caldo de cana era uma tentação irresistível para ele; e quanto mais apimentadas fossem as guloseimas brasileiras, melhor. "Ele comia pimenta até suar a careca", aponta o genro Lucas. Lucas lembra que a careca era a marca do sogro, e por conta dela recebeu muitos apelidos: Alemão, Careca e Sargento Pincel.

Seu filho diz que o pai tinha um “coração gigante, era sem juízo e sempre estava disposto a ajudar”. A filha relata a paixão que Maurício tinha pela neta. Ele colocava para fora a criança que habitava sua alma quando encontrava com ela, sendo seu maior parceiro de aventuras; e foi - com absoluta certeza -, o amigo mais divertido.

Dono de um caminhão de histórias e uma multidão de amigos, Maurício é lembrado pelos filhos por seu amor pelas viagens e curiosidade pelo novo, que o faziam desbravar lugares, e tanto fazia se fosse de ônibus, carro ou mesmo por meio da tela do computador, a viagem acontecia mesmo que virtualmente. Esse foi o amado Seu Maurício: um homem cheio de causos alegres que ainda arrancam sorrisos daqueles que tiveram a sorte de as ouvir.

Maurício nasceu em Vitória (ES) e faleceu em Vila Velha (ES), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha e pelo genro de Maurício, Thuany Ramos Lopes Zambon e Lucas Zâmbia Adami. Este tributo foi apurado por Samara Lopes, editado por Bárbara Tenório, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 2 de julho de 2021.