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Mauricio Vasconcellos da Silva

1940 - 2020

Um homem que confirmou o dito popular de que avô é ser pai duas vezes.

Mauricio encarnou essa máxima como ninguém. Quando o pai biológico de sua neta Stephany se ausentou, ele assumiu a criação dela. Por essa razão ela o chamava de pai e não de avô.

Era louco por pão, uma paixão tão proibida quando a de Romeu e Julieta, já que era hipertenso e diabético. Saciava a sua vontade de comer pão às escondidas, ignorando os avisos da família para maneirar no consumo.

Maurício já teve o destino do Estado do Pará em suas mãos. Não, nunca foi político mas sim motorista oficial do Governador, por anos a fio. Responsabilidade que cumpriu com muito orgulho.

Homem alegre e íntegro, também criou as filhas da primeira mulher, mostrando que, seja qual fosse o momento ou percalço que a vida lhe impunha, não era homem de se esconder (com exceção, é claro, de quando comia mais pão do que devia).

Quando a filha/neta Stephany se formou em Direito em janeiro deste ano, ele a encarou cheio de alegria e disse: “Já posso ir tranquilo. Realizei o último sonho da minha vida”.

Mauricio nasceu em Belém(PA) e faleceu em Belém (PA), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Mauricio, Stephany Samanta Nascimento da Silva. Este texto foi apurado e escrito por Fabio Victoria, revisado por Monelise Vilela Pando e moderado por Rayane Urani em 13 de junho de 2020.