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Miguelina Almeida de Oliveira

1958 - 2021

Foi força, amor e resiliência em toda a sua vida. Uma mulher de coração gigante.

Natural do interior do Rio Grande do Sul, Miguelina era filha de Herondino e Albertina, conheceu o trabalho pesado cedo, na roça e em casa.

Foi para a cidade de Novo Hamburgo buscando melhorar de vida. Lá, se tornou mãe de Caroline e Karine, seus bens mais preciosos, trabalhou em obras e firmas de calçado, mas foi também nessa nova cidade que teve que encontrar forças para lidar com muitas adversidades, como um relacionamento abusivo, o desemprego e a falta de oportunidades.

Encontrou na limpeza doméstica um caminho para o sustento de sua família e essa foi a sua ocupação até os seus últimos dias. No trabalho, era reconhecida por ser extremamente profissional, caprichosa e responsável.

“Um exemplo de força, sempre passou esse legado para nós. Minha mãe nos ensinou que, através da educação, seríamos capazes de mudar a nossa realidade. E como ela vibrou na nossa formatura! Carol se formou em Administração de Empresas e eu em Artes Visuais”, conta Karine, orgulhosa, filha mais nova de Migue – como era chamada pelos amigos e familiares.

Miguelina ganhou da vida mais dois presentes: sua sobrinha Ana Julia, de quem cuidava como uma filha, e seu neto amado, Arthur, filho de Carol. Viveu para cuidar e amar a todos ao seu redor. Quem recebia seu carinho uma vez, o recebia para todo o sempre. Foi assim com o Lucas, por exemplo, que foi seu genro por sete anos. Sempre conversavam, nem que fosse por telefone.

Sua disposição e vigor eram inigualáveis. Costumava dizer que, o que lhe cansava, era ficar parada. Exemplo de resiliência, tinha muito brilho nos olhos. Se tivesse concluído seus estudos, teria sido repórter, para quem sabe, poder conhecer mais do nosso Brasil, algo que sempre quis fazer.

“Os almoços de domingo nunca mais serão os mesmos. A lacuna deixada por alguém tão iluminado quanto ela vai durar até o dia do nosso reencontro, quando daremos o abraço mais gostoso de todos”, lamenta a filha.

Miguelina deixa em luto também as suas irmãs Adair e Tereza, e seus irmãos Antônio, Reinaldo, Pedro e José. A dor da família só é amenizada quando pensam que Migue foi ao encontro de Deus e que deve estar hoje na companhia de seus amados pais.

“Sentimos saudades de tudo. Sentimos saudades da tua voz dizendo ‘filha’, do chimarrão, do café, das risadas, das bolachas de Natal, da ceia, afinal Natal sem ti não era opção, das sobremesas, da comida, das coisas entregues em nossas mãos - mesmo quando dizíamos que a gente fazia -, de toda a cumplicidade com o teu neto e dos sonhos que sonhamos juntas”, declara Karine.

Miguelina deixa este mundo reconhecida por sua força, amor e alegria. O brilho que possuía no olhar e o sorriso que trazia no rosto jamais serão esquecidos.

“Te amaremos para todo o sempre, mãe querida. A dor de continuar sem ti é indescritível, por isso buscamos força em tudo o que você foi e nos ensinou a ser”.

Fique em paz.

Miguelina nasceu em Giruá (RS) e faleceu em Lajeado (RS), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Miguelina, Karine Fernanda de Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 22 de abril de 2021.