1941 - 2020
Uma mocinha que viveu sete décadas de alegria, conversando com suas plantas e animais, e dançando a vida.
Mylza Cecília Praia Morais era a alegria em pessoa, e isso pode ser dito sem medo nenhum de parecer um clichê. A matriarca de uma família na qual a felicidade também sempre foi parte dos dias e da vida.
Por ser vaidosa demais, começou a praticar atividade física ao 18 anos, e não parou com elas até completar os 70; tinha um corpo espetacular, assim como era também a sua mente. Não aparentava a idade!
Amava dançar. Para ela, tudo era festa, incluindo a Páscoa e todas as demais datas comemorativas: aniversários, Natal, Ano Novo e Carnaval. Ah, o Carnaval. Ela era apaixonada por essa festa popular tão colorida e tão alegre!
Tomava sempre sua cervejinha, era lei. Adorava fazer palavras cruzadas e amava viajar. Não gostava de “música de velório”, como ela dizia. Música para ela tinha que ser agitada, desde as do estilo "disco" até os sambas-enredo de Carnaval. Sempre música dançante!
Casou-se com Edno Morais, com quem passou cinquenta e cinco anos. Foi um casamento feliz. Teve duas filhas: Betsy Bell e Betsy Eddy. Conquistava amigos e amigas na academia, na família e em todos os lugares pelos quais passava. Exímia observadora, apesar de ter cursado apenas o primeiro grau, analisava tudo, resolvia os problemas de sobrinhos e irmãs e dava os melhores conselhos, sempre de forma prática. Não tinha tempo ruim para ela.
Mylza era o que se chama hoje em dia de "uma mulher empoderada", começou a trabalhar muito cedo, aos nove anos. Foi a primeira feminista que as filhas conheceram, apesar de ela nem saber qual era o significado disso. Para ela, mulher não podia baixar guarda aos homens. “Minha filha, nunca deixe um homem mandar em você”, ela sempre falava isso.
Amava os animais e as plantas. Pegava das ruas os dois, e batia longos papos com os dois também. Ela “conversava” com a fauna e a flora porque amava a natureza. Para ela, a pessoa tinha que ser positiva e a idade estava na cabeça de cada um. Na dela, tinha eternamente 20 anos. E tinha mesmo.
Foi um exemplo para todos os familiares e amigos; mesmo quando começou a apresentar os primeiros sintomas de Alzheimer aos 70 anos, continuou sendo a referência de comportamento e caráter. Foram oito anos que a família se dedicou aos cuidados com ela, oferecendo todos os tratamentos possíveis; tanto que ela ainda se lembrava de tudo. Podia fazer relatos inteiros do que havia vivido na semana anterior. Nunca deixou de reconhecer ninguém. Ela estava ótima na quarentena; estava feliz junto apenas ao amor de sua vida.
Infelizmente, Mylza não resistiu à covid-19. Os familiares e amigos sentem sua falta todos os dias. Mylza viverá para sempre nos encontros regados a cervejinha, nos diálogos com as plantas e em todas as festividades. Mylza, presente!
Mylza nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Mylza, Betsy Bell Praia Morais. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.