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Nazaré Magno Pereira

1938 - 2020

Tia Nazeca sempre lutou, e conquistou, tudo que quis. De um coração enorme, preocupava-se com todos.

Num tempo em que muitas mulheres ficavam em casa esperando pelo marido, tia Nazeca arregaçou as mangas e partiu para o trabalho: montou uma quitanda para sustentar a casa e fez tudo que podia para educar os três filhos. Além deles, ajudou a criar os sobrinhos, que saíam do interior para estudar em Belém do Pará.

Corajosa e empreendedora, trabalhava digna e honestamente, e estudou para se tornar técnica em enfermagem. Assim a Santa Casa de Misericórdia do Pará ganhou uma de suas profissionais mais arrojadas. Sempre disposta a ajudar o maior número de pessoas, brigava pelos pacientes e não media esforços para amenizar a dor alheia.

Brincalhona e sem papas na língua, nas horas vagas dedicava-se ao artesanato – crochê, flores artificiais e decoupage em vasos – e adorava sua cervejinha. Nazaré tinha muitos amigos e, sem dúvida, deixará saudades. Aos seus descendentes, deixará na lembrança o exemplo de alguém que amou sem medidas e que não deixava ninguém passar dificuldades, dividindo, com quem precisasse, o que tinha em casa.

Última remanescente dos seis filhos de Berilo Magno e Donatila Machado Magno, o maior sonho de tia Nazeca era fazer a festa de quinze anos da neta. “Mas Deus tinha outros planos”, conforta a sobrinha Noelina, e diz: “agora já deve ter reencontrado sua família e viverão na Glória Eterna”.

Além do orgulho que seus filhos e netos sempre guardarão por tudo que fez, Tia Nazeca agora é também mais uma estrela encantada a zelar por eles.

Nazaré nasceu em Muaná (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Nazaré, Noelina Magno Coelho. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Maurício de Almeida, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 31 de julho de 2020.