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Oneide Brasco Belattini

1930 - 2020

Usava o tempero da bondade na cozinha, no abraço, nas palavras e na risada inconfundível.

Dona Neide, como gostava de ser chamada, era uma pessoa que adorava festas, viagens e, principalmente, a família unida. Por isso, os almoços de domingo na casa dela não eram apenas para os quatro filhos e os sete netos. O ideal era reunir também os familiares do genro e das noras, os namoros dos netos, e quem mais quisesse aparecer.

Sua missão era na cozinha, com as inesquecíveis tardes preparando centenas, ou até milhares, de cappelletti, tortéis e bolinhos. "Se fosse uma noite de pizza, tinha massa até depois que todo mundo já estivesse arrependido de ter comido tanto. Por isso, ela se sentava sempre 'de saída', pronta para voltar para o fogão", conta o neto Rafael.

Ele e os demais se deliciavam não só com a comida da avó, mas também com sua bondade. Não havia como não querer dar um abraço nela, principalmente porque qualquer toque fazia com que ela caísse na risada com cócegas, transformando o momento em algo ainda mais inesquecível.

Dona Neide tinha orgulho do que os outros conquistavam e torcia por todo mundo, sem hipocrisia. De sua boca não saíam palavras ruins. Pelo contrário, eram sempre elogios acompanhados de um belo sorriso e uma risada inconfundível.

Oneide nasceu em Pederneiras (SP) e faleceu em Campinas (SP), aos 90 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo neto de Oneide, Rafael Belattini Martins. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Thaíssa Parente, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 29 de agosto de 2020.