1951 - 2020
Ele viu anjinhos de luz voando ao seu redor na noite anterior à sua partida. Alguém duvida?
Orlando não era um homem de muitos amigos. Para ele, a convivência com a família lhe bastava. Tinha um amor imensurável pelos netos. Quando as filhas eram crianças, sempre trazia bolacha de caramelo para uma e de chocolate para a outra – era uma forma de dizer que se lembrava delas.
Ciumento e sempre desconfiado, parece ter se tornado assim como resultado de uma infância dura e solitária. Era de poucas palavras, estava quase sempre reclamando de algo com que não concordava, mas, apesar disso, nas horas difíceis sempre se podia contar com ele.
Gostava muito de futebol e o seu time do coração era o Vasco da Gama, do qual não perdia um jogo. Chegava ao ponto de levar consigo para a cama um rádio para ouvir noite adentro. Quando conversava sobre o assunto, gostava que todos parassem para ouvi-lo.
Quando adoeceu, foi internado no hospital em que uma das filhas trabalhava. Um fato excepcional aconteceu lá. Após a última oração que fizeram juntos, Orlando lhe relatou que, na véspera, havia visto uns brilhinhos voando que pareciam anjinhos.
A filha interpretou essa visão como sendo o céu se abrindo para que ele entrasse e isso acalentou seu coração quando ele partiu pouco depois.
Orlando nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Orlando, Aline Ferreira Atz Fallavena. Este tributo foi apurado por Lila Gmeiner, editado por Vera Dias, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 1 de dezembro de 2020.