1950 - 2020
Era dono de um coração puro e de uma disposição incrível para fazer suas visitinhas costumeiras.
Seu Ozias já era aposentado e gostava de caminhar e de visitar os parentes e amigos. Mesmo aqueles que já haviam partido recebiam de vez em quando, lá no cemitério, uma visitinha dele. Ele sempre foi muito ligado à família.
Já havia sofrido três AVCs e ficado com sequelas que dificultavam a fala. Mas não pense que isso o impedia de se comunicar! Ozias continuou ativo e não se privava de sair para fazer suas caminhadas e visitas. "Para se comunicar, usava mais as mãos e chamava as pessoas do jeito que dava e dos nomes mais estranhos: Era Karita, Coroca... mas se fazia entender. Tinha um coração puro, tal qual uma criança", conta sua cunhada Ana.
O que Ozias gostava mesmo era do silêncio, ficava irritado com barulho e com som muito alto. Gostava de fazer a própria comida e "ai de quem desse algum palpite nessa hora!", conta Ana. De sua cozinha sempre saíam pratos como o mexido de sardinha e ovo ou ainda qualquer coisa que não levasse carne vermelha como ingrediente. "Ele enjoou de carne após os AVCs", suas frutas favoritas eram abacate e banana, mas não gostava nenhum pouco de suco natural, aquele feito com a polpa, pra ele tinha que ser sempre suco artificial. E nada de café com leite também, para comer seu pãozinho, o acompanhamento predileto era o achocolatado em pó", relembram a esposa Ana Zilene e os filhos Cristiano e Rafael.
Os apelidos de seu Ozias eram muitos, mas o mais famoso era "Inseto". Ninguém sabe ao certo o que motivou a alcunha, só o que sabem é que havia sido obra de um amigo da juventude.
Era casado e, além dos três filhos, seus três netos eram seus maiores xodós. O cachorrinho Bili era o companheiro diário nas caminhadas: onde um ia o outro ia também. Além de caminhar bastante, gostava de jogar dominó, de assistir aos desenhos animados e programas como Tom e Jerry e Chaves na TV. Além disso, tinha costume de ir às missas diariamente e era vascaíno.
"Sua despedida foi simples, assim como ele sempre foi. Fosse em outros tempos, a cerimonia teria lotado o cemitério onde ele agora descansa ao lado de tantos amigos que visitava vez por outra. Agora, devido à pureza de seu coração e por ter se tornado novamente uma criança em decorrência da saúde fragilizada, ele faz parte dos preferidos de Jesus e descansa em paz", conclui Ana.
Ozias nasceu em Coroatá (MA) e faleceu em Brasília (DF), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela cunhada de Ozias, Ana Zilene, Cristiano, Rafael e Ana Zuleide Rosa. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 22 de maio de 2021.