1959 - 2020
Um diamante bruto que foi exemplo de retidão e de dedicação à família e ao trabalho.
Carioca, Paulo Roberto foi o primeiro filho de Evany e Adalberto e o primeiro neto de Lucília e Aristóteles.
Curioso, quando criança, desmontava seus brinquedos, procurando entender como haviam sido construídos. Jovem, formou-se engenheiro mecânico.
Conheceu Silvia Maria, filha de um colega de trabalho de seu pai. Namoraram por sete anos. Casaram-se e tiveram os filhos Guilherme e Gisela.
O trabalho ─ ora embarcado em plataformas de petróleo, ora em cidades distantes de sua residência ─ pode tê-lo privado de acompanhar a infância dos filhos, mas garantiu-lhes certo conforto e acesso à saúde e educação de primeira qualidade.
Era sisudo. Aos olhos dos menos atentos poderia até passar por antipático. Os mais próximos, contudo, sabiam que, apesar da dificuldade em expressar seus sentimentos, estes eram genuínos. Manifestavam-se muito mais por gestos, do que por palavras. Como, por exemplo, o de, ainda adolescente, ceder o quarto para a avó viúva.
Depois de criar os filhos e de galgar todos os degraus em sua carreira, decidiu que já era tempo de conhecer o mundo ao lado da esposa. Planejava minuciosamente cada viagem como se fosse a última da vida. Chegou a conhecer boa parte da Europa Ocidental e do Cone Sul. Passou por Nova York. Queria e merecia muito mais, mas não teve tempo.
Após relutar por três dias e de um falso-negativo para a Covid-19, internou-se em estado grave. Era seu primeiro dia como aposentado. Para o espanto de todos os que conheceram aquele ex-jogador de polo aquático que raramente se adoentava, Paulo Roberto foi vencido pelo coronavírus após uma batalha inglória de vinte e nove dias.
Foi um exemplo de retidão. Antes de ser intubado, preocupou-se em passar à filha todas as orientações para que os compromissos assumidos com a mãe nonagenária continuassem a ser cumpridos.
Faleceu horas antes de seu sogro, Haroldo, também vítima da pandemia. Sua ausência precoce deixará uma saudade tão grande quanto o tamanho de seu caráter.
Para conhecer a história do sogro de Paulo Roberto, procure por Haroldo Carneiro Leão neste Memorial.
Paulo nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Paulo, Guilherme Carneiro Leão Farias. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 15 de fevereiro de 2021.