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Pedro Nilo Althoff

1936 - 2020

Aprendeu na roça a cultivar orquídeas e a amar o canto dos passarinhos.

Ele foi Pedrinho, até a adolescência; quando se tornou avô, virou o Vô Pepê. Teve quatro filhos: Amilcar, Adauto, Amilton e Adriana; e os netos Barbara, Mariana e João Pedro.

"O Natal tinha endereço certo para a reunião da família: só podia ser na casa do Pedro. Descendentes de alemães, gostavam de comida boa, casa limpa, arrumada, e com a decoração natalina", fala com ternura a filha Adriana, que é também quem faz esta singela homenagem ao amado pai. Os almoços em datas festivas eram sagrados. E Pedro cozinhava maravilhosamente bem os pratos tradicionais de sua família: rabada, moela, costela, chucrute, além de saladas bem fartas.

Vô Pepê, teve uma vida intensa e foi dono de seu destino. De caminhoneiro a grande empresário, saiu de Santo Amaro da Imperatriz para morar em Criciúma, cidade onde trabalhou em um atacado de secos e molhados de seus irmãos mais velhos. Fez muitas viagens a São Paulo transportando mercadorias para a região. "Alguns anos depois, criou uma empresa de papel, daqueles de rolos, para embalar produtos, e com isso foi crescendo. Mas por volta de 1985 decaiu e perdeu quase tudo o que tinha", lembra Adriana. Seguiu firme e forte. Pedro era extremamente grato pela vida que tinha, gostava de viver! Por isso, queria estar sempre junto dos filhos, dos netos, de suas plantas e seus animais, ou seja, queria desfrutar das coisas boas que faziam parte da sua rotina.

A paixão pelas orquídeas, desde o tempo em que trabalhava com a terra, fazia Pedro viajar para uma das maiores exposições do país, na também catarinense Joinville. E ele fazia questão de levar os filhos para que apreciassem a beleza e as cores dessas flores que tanto o encantavam.

Pássaros e cães sempre fizeram parte da casa. "Chico, um dos cachorros, era seu grande companheiro, e o seguia por todo lado enquanto ele estivesse na fábrica. Já o Luke, que era o de sua neta, também tinha muito carinho pelo Vô Pepê", fala Adriana.

“Um homem muito trabalhador, que fez muito pela cidade que escolheu para viver. Admiro-o por ter sido uma pessoa batalhadora, que nos educou para o bem, superprotetor com os filhos e depois com os netos. Viveu intensamente, e queria viver mais ainda”, diz a caçula, cheia de admiração pelo pai.

Com certeza, Pedro tocou o coração das pessoas que o conheceram de uma maneira linda, pois demonstrava seu amor pela vida, pela família, pelas plantas e pelos animais, sem nenhuma reserva. Um exemplo de alma leve, sempre refletindo paz em seu sorriso.

Pedro nasceu em Santo Amaro da Imperatriz (SC) e faleceu em Criciúma (SC), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Pedro, Adriana Althoff. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Cristina Marcondes, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de outubro de 2021.