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Raimundo Francisco da Costa

1947 - 2020

Homem de Deus, era presbítero da casa do Senhor e nunca negou sua fé.

Seu Raimundo da hidroviária, era assim que todos o conheciam na pequena Monte Alegre, no Pará.

Humilde e bom, era dono de uma agência de passagens. Vendia passagens de barco e sempre dava um jeito para as pessoas viajarem; nem que tivesse que cobrar meia passagem, nunca deixou um passageiro sequer sem chegar ao seu destino. Com esse seu jeito especial, era conhecido por todos na cidade.

Sua prioridade era a família. Alessandra, sua filha, conta que "mesmo internado, quando ligávamos para ele, ele ainda se preocupava com a família e dizia: 'Cuide das meninas!', e perguntava: 'Vocês estão se alimentando bem?'. A neta caçula, Allya, era seu chamego, sempre protegida pelo avô".

"Eu era muito agarrada com ele e nunca vou esquecer suas risadas, seus carinhos... Eu o chamava de Redy, um apelido carinhoso que só eu usava, ele era o meu Redy... Toda manhã eu cantava uma musiquinha que inventei e ele fazia uma dancinha que nunca vai sair da minha mente. Meu Deus, como não me emocionar contando essas histórias e lembrando do meu velho pai?!", relata Alessandra.

"A última vez que vi meu Redy foi quando estava sendo transferido de helicóptero para Santarém, pois em nossa cidade não havia respiradores. Foi doloroso me despedir assim do grande amor da minha vida", conclui a filha.

Raimundo, o Redy de Alessandra, foi sepultado em Santarém e deixou uma família inteira com saudade de sua voz mansa e meiga, de sua bondade e de seu jeito protetor de ser.

Raimundo nasceu em Monte Alegre (PA) e faleceu em Santarém (PA), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Raimundo, Alessandra Vanessa Santos da Costa. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 6 de novembro de 2020.