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Raymundo Aparecido Bomfim

1958 - 2020

Ao passar e ver coisa errada, sempre soltava, com sua voz inconfundível, um: "Meu Deus! O que é isso?"

Ele era uma pessoa ímpar. Conseguia mesclar o ensino técnico em máquinas com sua formação em Psicologia. Habilidoso ao ensinar, era carismático e compreensivo com os tantos jovens que passaram pelos seus ensinamentos. "Quando eu o conheci, em 1994, ao chegar em São Paulo para estudar, usava rabo de cavalo e brinco. Ao passar perto de nós, garotos de 15 anos ou um pouco mais, e perceber que estávamos fazendo coisa errada, soltava, com sua voz inconfundível um 'Meu Deus! O que é isso?' Sempre muito responsável, muito técnico e muito companheiro", conta Davi, ex-aluno de Mestre Bomfim.

"Anos mais tarde, tive a honra de ser seu companheiro de trabalho e, ao passar por mim enquanto eu estava operando uma máquina de última geração, disse: 'Meu Deus... Lembro de você! De quando chegou aqui e mal conseguia operar uma máquina simples. Fico orgulhoso em ver a sua evolução'", relata Davi.

Desde os anos 90 era voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) e costumava comentar que, quando as pessoas estão muito tristes, só querem conversar. "Elas só querem ser ouvidas", dizia Raymundo Bomfim.

Sempre foi um amante da vida.

Sempre lutou... pela VIDA.

Raymundo nasceu em Osasco (SP) e faleceu em Ipeúna (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo aluno e colega de trabalho de Raymundo, Davi Cardozo Duarte Junior. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 10 de dezembro de 2020.