1945 - 2020
Dividia o coração entre o amor pela família e pelo clube de futebol.
Com uma boina na cabeça e a camisa do Paraná Clube no peito, ia ao estádio torcer para o seu time do coração. Torcedor fiel, certa vez, numa entrevista para um programa de televisão, pediram-lhe um palpite para o placar do dia. Com um sorriso largo, prontamente respondeu: "Ah, é 3x1 para nós hoje". "O vídeo dessa entrevista era o favorito dele", lembra a filha Joseane.
Além do futebol, Reinaldo adorava uma boa pescaria. Tanto que, "quando tinha uma folga, fugia com a vara e a isca de pesca", conta a filha. Mas não fugia do trabalho: desde os dez anos de idade começou a laborar, "nunca deixando faltar nada para sua família", testemunha Joseane.
Tinha cinco filhos: três de sangue e duas de coração. "Mas, pra ele, não tinha distinção, éramos todos filhos", afirma Joseane, que foi adotada como filha quando sua mãe, Bete, casou-se com ele. Foram quarenta anos ao lado da esposa: "ele sossegou quando encontrou minha mãe", conclui a filha. Também conheceu a sua segunda geração: teve oito netos.
"Ô Bete, cadê o 'contrróli'", "Ô essas meninas que deixam os 'sutiê' espalhados pela casa". Assim Reinaldo fazia todos da casa rirem, diante da dificuldade em pronunciar as palavras "controle" e "sutiã". "Negão" era o apelido carinhoso que a família lhe dera, em contradição com sua pele branca.
O carisma de Reinaldo se expandia para fora de casa. "Ele cumprimentava todos na rua, até quem não conhecia", conta Joseane. Era conhecido como "Rena" pelos amigos. Falava alto, "parecia até que estava brigando", observa a filha.
Ela conta ainda que o desejo do pai era ser sepultado com a camisa do Paraná Clube. Não foi possível, mas "a garra e o amor", presentes num verso do hino do seu time, representam esse entusiasmado torcedor. "Ele era muito iluminado e merece ser lembrado", diz Joseane.
Reinaldo nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Colombo (PR), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Reinaldo, Joseane Barbosa Gorczyca. Este tributo foi apurado por Jonathan Querubina, editado por Thaíssa Parente, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Phydia de Athayde em 7 de outubro de 2020.