1982 - 2020
Está no Céu comendo um prato de rabada ao som do Roupa Nova e olhando pelo filho.
Esta é uma carta aberta de Liciane para sua amiga de infância, Renata:
Ainda bem que você não vai mais precisar encarar o calor do Hell de Janeiro. Aí no Céu, imagino que esteja bem fresquinho.
Quando a saudade da sua voz macia bater aqui embaixo, a gente coloca um áudio do aplicativo de mensagens para tocar, não se preocupe. Fique bem.
Cuidaremos do Arthur com todo nosso amor e carinho.
Nosso afilhado, o Cayo, disse-me ontem que você foi imprescindível para ele se tornar o rapaz incrível que é hoje. Faremos o mesmo pelo Arthur. Vamos ensiná-lo a comer jiló, rabada e comida japonesa. Vamos fazer karaokes de Guns e Roupa Nova em sua homenagem.
Juntos também vamos assistir "A Dama e o Vagabundo" e "A História sem Fim".
Nas férias, levaremos Arthur a São Lourenço, mas só nas férias, porque sabemos que estudar é a prioridade.
Vamos fazer aquela festa maneira dos Vingadores para ele, e eu sei que você vai estar ali do lado, na hora em que ele assoprar as seis velinhas.
Rê, você sempre estará viva no nosso coração e nas nossas lembranças.
P.S.: "Você sabia que aquela ali é a mamãe do céu?", disse o Arthur no dia da sua partida, apontando para a imagem da Virgem Maria na estante da sala. "Quando uma pessoa vai pro Céu, é ela que abre o portão e cuida da pessoa", concluiu o Arthur.
Renata nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 38 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de infância de Renata, Liciane Guimarães Corrêa. Este texto foi apurado e escrito por Liciane Guimarães Corrêa, revisado por Lígia Franzin e Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 8 de janeiro de 2021.