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Roberto Carlos Quarto

1966 - 2020

Usou de sua voz para cantar e encantar. Conhecia a Bíblia e também as melhores partes da vida terrena.

"Robertinho", apelidado assim por ser fã do cantor Roberto Carlos teve incontáveis papéis na Terra: soldado, policial militar, segurança, agente administrativo e pastor.

Se casou com Sandra Maria e a união se manteve até o final de sua vida, deixando dois filhos para continuar seu legado.

Aventureiro e intenso, arriscou-se a conhecer outro estado em sua moto, que nem sabia se aguentaria todo o percurso, mas que no fim, deixou lembranças boas e significativas para contar história.

Distraído que só ele, deixava tudo cair, e quando empolgava em uma conversa, falava tanto que esquecia o que estava fazendo. Sempre muito animado, pensava em voz alta e era uma pessoa intensamente temente a Deus.

Quando olhava para paisagens, se escondia em seu mundo em um olhar distante e esquecia de tudo ao seu redor.

"Uma vez fomos na casa de um tio nosso que é longe e ele foi o caminho todo distraído e filmando, dentro do ônibus. Todo mundo que falava com ele, só escutavam "é" como resposta, ou ele só continuava cantarolando o caminho todo. Ele tinha mania de cantarolar enquanto estava distraído”, conta sua filha Maria Eduarda.

Roberto tinha o dom da palavra e sabia sempre o que dizer e no momento certo, com sua suave sabedoria que encantava e deixava pessoas fiéis esperando por seus conselhos.

Como um bom pastor, amava ler a Bíblia, escutar hinos e cantá-los a todo tempo. Veio ao mundo para mostrar seu amor por Deus e pelo próximo, além de servir e entregar sua vida as obras que seu grande Senhor tinha preparado para todos os seus dias.

Seus filhos eram seu maior orgulho, e o tempo com a família, com os amigos e na igreja lhe concediam ao coração grande conforto e alegria.

"Ele sempre teve uma conexão forte comigo e eu sempre fui a menina dele. Nós passávamos horas conversando e ele me conhecia como ninguém jamais vai conhecer. A gente tinha opiniões diferentes, às vezes nos desentendíamos, mas ele sempre vinha e colocava o amor e o respeito a cima de tudo. Sempre me deu liberdade e direito de escolha, mas sempre me aconselhava. Ele chegou a dizer pra algumas pessoas que eu era um dos motivos dele querer estar vivo.
O jeito que ele me encorajava a seguir os meus sonhos, sempre falando que eu seria uma mulher forte e independente, o quão inteligente eu era. A nossa cumplicidade, conselhos, brincadeiras, éramos além de pai e filha, melhores amigos, ele é o amor da minha vida’’, conta sua filha Maria Eduarda.

Ele tinha uma voz linda e gostava de tudo que tinha a ver com música, por isso tocava um pouco de cada: flauta, violão, teclado e claro, nunca deixava de cantar.

Dentre todas as passagens da Bíblia, tinha uma que lhe chamava atenção:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor." 1 Coríntios 13:1-13

E por fim, ele se inspirou tanta nessa Palavra que foi isso que ele deixou a todos que o conheciam: fé, esperança e amor. Ajudava a todos que precisavam, mesmo que fosse alguém que havia lhe magoado.

Independente das circunstâncias, era uma pessoa de empatia e sabedoria e é assim, além das inúmeras características, que Roberto será para sempre lembrado.

Roberto nasceu em Iúna (ES) e faleceu em Queimados (RJ), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Roberto, Maria Eduarda Jerusalém Couto Quarto. Este tributo foi apurado por Patricia Garzella, editado por Aléxia Caroline, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 15 de dezembro de 2020.