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Roberto Hilário da Silva

1951 - 2020

Um homem inesquecível. Marido exemplar, pai amoroso, avô carinhoso. Irmão e amigo para todas as horas.

Roberto era um dos mais novos irmãos, de uma família grande e humilde. Tiveram uma vida dura na roça, com as rotinas difíceis do campo, mas uma coisa nunca faltou: amor.

Para ajudar o pai nos roçados de café e da cana-de-açúcar, além de cuidar das criações e produções caseiras, teve que abdicar dos estudos.

Quando completou 18 anos, veio do interior do Espírito Santo para a baixada no Rio de Janeiro. Batalhou e com muito trabalho e suor, conseguiu vencer na vida.

Conheceu seu grande amor ainda criança, aos 10 anos! Doze anos depois casou-se com Maria Lúcia, com quem formou uma família baseada em fé, honestidade, fidelidade e dedicação aos filhos. "Marido exemplar, tinha por minha mãe um amor incondicional e, como me confidenciou tinha por ela também um amor de filho. Entendi, quando soube que queria dizer que a honraria como sempre honrou sua própria mãe", conta Dayvison.

Construiu patrimônio, aproveitou como pôde da nossa companhia. E foi um homem feliz, abençoado por Deus, e por Nossa Sra. Aparecida, de quem era devoto. "Teve a graça de ter um filho no dia dedicado a sua santa de devoção: eu! Muitos aniversários foram passados na Basílica, em Aparecida. Confesso que na adolescência reclamava, mas com o tempo o legado ficou e algumas vezes fui até sozinho... agradecendo aos pés de sua imagem, emocionado, como me ensinaram meus pais", relembra Dayvison

Com mais de 50 anos, Roberto concluiu de forma brilhante o segundo grau. No entanto, não deu continuidade no ensino superior, pois entendeu que não devia trocar a presença da esposa amada pelos bancos da faculdade.

Foi incansável socorrendo seus irmãos. Filho amoroso e um exemplo para seus sobrinhos. Para os que tiveram o privilégio de conviver com ele, era um amigo muito admirado.

Formou seus três filhos, com a ajuda de Maria Lúcia. Orgulhoso, sempre "enchia a boca" para falar das conquistas dos filhos e netos. Ele teve a graça de ver todos lutando e vencendo com a mesma força que os ensinou. "Não esqueço que no dia da minha formatura em Medicina, quem ganhou o maior presente foram "meus véios". Estavam radiantes!", relembra o filho, com emoção.

Dayvison confessa que, sem desmerecer nenhum dos grandes mestres que teve ao longo da vida, seu pai tinha uma das mentes mais brilhantes que ele teve o prazer de provocar, instigar, brincar e principalmente aprender junto! Acrescenta que só tem a agradecer a sua mãe pela escolha de um pai que era um privilégio ter ao lado e do qual nunca esquecerá tantos ensinamentos.

"Mãe, sua dor é minha dor. Sabe o quanto lutei para levá-lo de volta para casa, batalhando e fazendo mais do que o possível. Mas devemos aceitar que foi feita a vontade Dele e não a nossa.

Pai, não terei mais seus conselhos pessoalmente. Também não brigaremos por sermos dois teimosos iguais, mas saiba que contarei com suas bençãos aí do Céu. Sei que estará comigo de uma maneira diferente e que será o mesmo incansável em olhar por sua família, como sempre fez, intercedendo junto a Deus!

A certeza da ressurreição me fortalece e nos ajudará a continuar, com orgulho, todo seu legado deixado aqui. Siga em paz sabendo que sempre te honrei e admirei desde o dia em que fui entregue por Deus para saber o significado da palavra pai! Se Ele assim o quis, assim deve ser! Te amo, pra sempre, Roberto Hilário", despede-se Dayvison.

Roberto nasceu em Apiacá (ES) e faleceu em São Gonçalo (RJ), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos familiares de Roberto, Dayvison Hilário da Silva. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Denise Pereira, revisado por Didi Ribeiro e moderado por Rayane Urani em 9 de setembro de 2020.