1985 - 2020
Adicionava sabor à vida, ora com uma prosa regada à cerveja, ora com os pães que preparava com maestria.
Rodolpho, o Rodox, tinha um irmão de sangue, Ígor, e uma prima-irmã, Paloma. Os encontros dos dois eram atravessados pela cumplicidade, diversas teorias sobre o mundo e, principalmente, por gargalhadas. Frequentemente, uma boa cerveja deixava a conversa dos primos ainda mais gostosa. Quando se despediam, o abraço apertado e o "eu te amo" eram certos.
Após a partida de Rodox, a cachorrinha dele, Teodora, foi morar na casa de Paloma, assim como a mãe dele, Miriam. Rodolpho costumava dizer que era o tutor de Teodora.
Ele era uma pessoa muito tranquila e otimista. Acreditava no ser humano, dizia que todo mundo tem algo de bom. A paciência era um ingrediente importante na sua especialidade culinária, a panificação. Fazia pães deliciosos, o aroma e sabor dos pãezinhos afagavam não só a fome ou o desejo de comer, mas a alma de quem tinha a felicidade de prová-los.
Ele e o irmão tinham opiniões divergentes, o que não era um empecilho para se amarem.
Quando Ígor assumiu sua sexualidade, Rodox demonstrou apoio, acolheu o irmão, e estimulou que os demais familiares fizessem o mesmo.
"Uma das últimas mensagens trocadas entre eles foi de aniversário. Disse ao irmão que tinha muito orgulho dele por ele persistir nos sonhos dele", conta Paloma.
São-paulino apaixonado, parava o que estivesse fazendo para acompanhar o time. Outra paixão que dava um ritmo especial à sua vida era o Rock. System of a Down, The Offspring, Charlie Brown, Queen eram suas bandas preferidas.
No trabalho, fez muitos amigos. Ele atuava no setor de controle de pragas na Prefeitura de Pindamonhangaba. Os colegas fizeram questão de reinventar a presença na despedida de Rodox. Eles assinaram uma camiseta e levaram até o cemitério. A família cobriu o caixão com a blusa. Antes que fosse sepultado, os amigos da prefeitura honraram a vida de Rodolpho com uma salva de palmas do lado de fora do cemitério.
A humildade e a alegria eram a essência na vida de Rodolfo. Será para sempre lembrado como exemplo de serenidade e amor.
Rodolpho nasceu em São Bernardo do Campo (SP) e faleceu em Pindamonhangaba (SP), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela prima de Rodolpho, Paloma Daniela Santos Farias. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Talita Camargos, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 27 de julho de 2021.