1937 - 2022
Era um ser de luz, de boas palavras, bons conselhos e muitas orações. Conquistou a todos que conheceu.
Salomé, ou Saloméia, para os mais íntimos, nasceu na cidade de Mallet, no Paraná, numa família de origem polonesa. Era filha de Pedro — com quem ela tinha grande orgulho de se parecer — e de Dona Ana Trojan, cujo sobrenome, mais tarde, acabou sendo dado à comunidade onde se instalaram: Faxinal dos Trojan.
Teve uma infância difícil. Eram tempos em que o mundo passava por dificuldades resultantes de guerras; mesmo assim, cresceu como mulher forte e à frente de seu tempo. Saiu cedo da casa dos pais para ser professora, profissão da qual se orgulhava. E embora tivessem sido poucos os anos de magistério, era lembrada com carinho pelos seus ex-alunos.
Casou-se com Antônio Chaneiko e deixou de lado a licenciatura para se dedicar aos filhos que tiveram: dois homens e três mulheres; sendo que uma delas faleceu ainda bebê. Netos não lhe faltavam; não somente os de sangue, mas também outros que a vida foi colocando em sua jornada.
Sua alegria era servir as pessoas, ser hospitaleira e estar rodeada de gente de todas as idades, que se encantavam com ela e passavam a visitá-la. Na sua casa não faltavam visitas, e difícil era o dia que não tinha alguém tomando chimarrão, comendo bolachas ou balas.
Com o passar dos anos e a idade chegando, cultivou o hábito de sentar-se à porta da frente de casa, com sua cuia de chimarrão. Ali ela aguardava as visitas, alternando a leitura da Bíblia com os momentos em que rezava o terço (este, permanentemente guardado no bolso do seu avental).
A vida toda esteve um pouco acima do peso e com o passar do tempo alguns problemas de saúde passaram a incomodá-la. Médico? Só ia após muita teimosia e debates. Seu principal remédio era a "água da Bhoja" — ou água de Deus —, pronunciada dessa forma devido à descendência polonesa misturada com a convivência com a família do esposo, de origem ucraniana. O copo com a água ficava ao lado do rádio, pelo qual ouvia preces, sempre diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a quem dedicava imenso amor e devoção.
Ainda assim, os problemas de saúde foram se instalando e se agravando. Após uma fratura de fêmur, passou a andar de cadeira de rodas. Seu corpo foi se tornando cada vez mais fraco, até que, vitimada pela Covida-19, ela não mais resistiu.
A neta Juliane descreve a vida da avó em poucas palavras, que resumem o seu valor: “Perdeu a batalha, mas deixou a união que sempre sonhou para sua família. Deixou também histórias lindas em centenas de corações que a conheciam e admiravam. Te amo, Baba"!
Salomé nasceu em Mallet (PR) e faleceu em Campo Largo (PR), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Salomé, Juliane Chaneiko. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de agosto de 2022.