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Samir Fonseca de Souza

1982 - 2020

Seu amor pela enfermagem o moveu a tratar cada paciente de forma única.

Samir era daqueles que olhavam nos olhos de cada paciente que atendia. Chamava pelo nome, transmitia segurança e confiança, se interessava pelo indivíduo para além de seu adoecimento.

A familiar de um paciente atendido por Samir expressa como seu tratamento ia além da técnica: “Ele nos tratou como ninguém havia tratado em um hospital. Nós estávamos tão assustados com toda a situação... Ele fez a diferença em nossas vidas em uma tarde dolorosa, saímos bem e confiantes de lá. Conversamos tanto e ele deu muitas orientações, ensinou testes e tudo mais. Achei importante relatar os atos de amor, cuidado e respeito com o próximo que ele tinha mesmo com desconhecidos, independente de qualquer classe social”.

Em 2017, Samir começou a atuar como enfermeiro, e desde então seguia fazendo um trabalho excelente da maneira mais humanizada possível. Antes de iniciar a profissão que se dedicou até o fim, o trabalho sempre teve peso na vida de Samir — desde jovem conciliava até dois empregos.

Independente da função que ocupava, era seu costume fazer a diferença. O reconhecimento público por suas atividades se deu através do certificado de honra ao mérito que recebeu por ter servido ao exército. O trabalho de motoboy que realizou por muitos fez aumentar ainda mais uma paixão antiga de Samir por motos: o sonho dele era comprar uma grande e potente, dessa vez para o lazer, viajando e conhecendo todos os lugares possíveis.

Entre suas outras paixões estava o videogame, um entretenimento que fazia parte de suas horas livres e que foi passado com gosto para o filho Isaac. Chegou a ficar três meses sem poder vê-lo por estar na linha de frente, algo que o preocupava, pois não queria deixar de estar presente na vida do filho. Seu último pedido ao médico que o socorreu foi que transmitisse à sua esposa Luana e a Isaac o quanto os amava.

Entre os 3 irmãos, Samir era reconhecido como o mais cuidadoso com a mãe. Sua gentileza e bondade atraiu o olhar de dois amigos a quem ele podia chamar de irmãos: Dante e Fábio.

“Nossa família era pequena e ele sempre foi como meu porto seguro, o homem da casa”, descreve com saudade a irmã Suelen.

Foi um homem grandioso não só em suas medidas, o que em um primeiro momento poderia passar uma impressão bem diferente do que aquele coração gentil que ele carregava tinha a oferecer. Tinha uma mania um tanto peculiar de ouvir música lírica enquanto fazia alguma atividade física.

Pai amoroso, irmão dedicado, esposo companheiro, excelente amigo e um profissional muito humano. Segue imortal em muitos corações.

Samir nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 37 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Samir, Suelen Souza. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 13 de abril de 2021.