1958 - 2020
Brincalhão, amoroso e íntegro. Tinha um coração generoso e ajudava em silêncio.
Sebastião foi um lutador antes mesmo de nascer e, por isso, e por toda sua trajetória de vida, a história dele foi eternizada aqui por sua filha Fabíola:
Após ter passado o dia trabalhando na roça, sua mãe, dona Júlia, com apenas 18 anos e tendo sentido as contrações que anunciavam a chegada do primogênito, desde a manhã daquele dia, teve que aguardar ainda o trajeto da zona rural até a cidadezinha de Manga, no interior de Minas Gerais, para dar à luz Sebastião. Enfim ele conheceria essa Terra onde tanto brilharia.
Quando criança, foi um menino ativo, desbravador e corajoso: gostava de brincar com as irmãs e irmãos, onde atuava em grandes batalhas de faroeste. Em uma de suas tantas aventuras, bateu com a cabeça no fundo do rio ao mergulhar de cima de uma ponte.
Curioso que era, desenvolveu o gosto pela leitura bem cedo e encomendava, na banca de Montalvânia, livros e gibis cômicos e heroicos, pelos quais aguardava com ansiedade até que chegassem da cidade grande.
Foi um jovem batalhador e estudioso, saiu da casa dos pais aos 15 anos para concluir os estudos básicos. Na casa de sua tia em Goiânia, sua nova morada, trabalhou como taxista e venceu um câncer na perna enquanto estudava.
Aos 19, assim que chegou à capital federal, iniciou os estudos na Universidade de Brasília e passou no concurso público do Banco do Brasil, onde cumpriu seu tempo com honestidade e fez grandes amizades.
Por onde trabalhou, o fez com respeito e sorriso no rosto. Encerrou sua carreira com integridade e deixou muitos aprendizados e grande saudade entre os colegas.
Durante toda a vida adulta, além de curioso e intelectual, foi um exímio conhecedor de política, matemática, economia e administração. Ele se interessava por toda e qualquer curiosidade desse Universo e era visto constantemente com um livro diferente debaixo do braço: desde Filosofia Clássica até livretos de piadas inocentes com trocadilhos e jogos de palavras. Ah, era um piadista nato!
Estrategista, excelente jogador de cartas, dominó e jogos de tabuleiro, possuía um conhecimento amplo e diverso que sempre espalhava de forma humilde e descontraída.
Sebastião, assim como o santo, seu xará, era um homem cristão, guerreiro e justo. Viveu uma vida temente a Deus e de caridade. Em silêncio, sempre estendeu a mão a quem lhe pedia ajuda ─ quem quer que fosse. Um homem simples e humilde que, mesmo em meio aos erros, soube reconhecê-los, pedir perdão e seguir em frente com o coração aberto, tentando fazer melhor e com disposição de seguir as vontades de Deus.
Amoroso e doce, espalhou carinho e afeto por onde passou. Familiares, amigos, colegas de trabalho e todos que tiveram a sorte de atravessar seu caminho serão eternamente gratos pela luz que ele emanou e pela oportunidade de compartilhar as belezas de sua existência.
Descanse em paz, Tião de Beló, Bocha, Mikail, Amor, Pai, TiTião, Dindin e Vovô Tião. A saudade de quem fica será eterna, mas estamos em paz em saber que você está no descanso celeste ao lado de Jesus.
Sebastião nasceu em Manga (MG) e faleceu em Brasília (DF), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Sebastião, Fabíola da Silva Nascimento. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.