1924 - 2020
Carregava em si a sabedoria de quem compreende o tempo das coisas.
Agricultor e pai de cinco filhos, Severino aprendeu cedo a transformar os momentos que viveu em histórias. Conversava com todos, com a leveza e a segurança de quem sabe que as palavras sobrevivem ao tempo e são capazes de ressignificar memórias.
Talvez por isso, preferisse uma boa prosa ao barulho dos estádios e jogos de futebol. Severino gostava mesmo era de ouvir e ser ouvido, ver e ser visto, perceber e ser percebido. Sabia que as histórias que contava sobre a vida carregavam o melhor que ele havia conseguido retirar dela.
Era um dançarino nato. Nasceu na Paraíba e descobriu o amor pela dança ainda jovem, transformando-a em uma amiga inseparável: expressava com o corpo o que a racionalidade não dava conta de traduzir, e sempre que podia reunia amigos e familiares ao som de muito forró.
Com a terra que cuidava, aprendeu a observar os dias com paciência e alegria. Carregava em si a sabedoria de quem compreende o tempo das coisas...
Costumava dizer aos mais próximos que eles “não precisavam correr, apenas o acompanhar”. E, assim eles fizeram!
Mesmo sem perceber, Severino ensinou. E, ainda que sua voz não possa mais ser ouvida, suas palavras seguem vivas em todos que foram tocados por sua presença.
Severino nasceu na Paraíba e faleceu em Maceió (AL), aos 96 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo sobrinho de Severino, Nelson Vieira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lisa Gabriela, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de julho de 2020.