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Sílica Conceição de Jesus Leite

1947 - 2020

Esposa dedicada, mãe de oito, avó de quinze, bisavó de quatro, amiga de centenas e admirada por milhares.

Dona Sílica foi uma mulher guerreira. Era muito querida, aquela senhora que todo mundo gostava de conversar. Sempre frequentou a mesma igreja e depois do fim da missa ficava mais uns minutinhos por lá só para conversar com as pessoas. Ela era daquelas que realmente ouvia o que você tinha a dizer, com atenção, deixando todo o resto de lado para estar presente de corpo e alma em uma conversa.

Quando criança, seu sonho era ser médica, mas devido à infância pobre e às consequências da vida, não conseguiu realizá-lo. Mesmo assim, ela não desistiu de ajudar as pessoas. Trabalhou em hospitais, cuidou de vizinhos enfermos e tinha um chá pra cada dor (que sempre dava certo).

“Tome tento! Deixa de bobajada”, dizia ela, que era uma avó brava. Tudo que as mães não faziam, Dona Sílica fazia. Com ela não tinha essa de "não comer legumes". Todo mundo tinha que comer. E também ela não deixava ninguém se esquecer de uma tarefa importante: “Reze antes de dormir”.

Para entrar em sua casa, a regra era clara: tinha que pedir a benção. Mas logo depois, vinha a oferta deliciosa: “Quer um café? Acabei de fazer”.

“Como dói escrever e falar sobre a senhora sem sentir um nó na garganta e um aperto que rasga o peito. A saudade é imensurável. Te amamos incondicionalmente. Até breve!”, diz a neta Letícia.

Sílica nasceu em Rio Acima (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Rayane Urani, a partir do testemunho enviado por pela neta Letícia Leite dos Santos, em 7 de junho de 2020.