1938 - 2021
Andava com seu baralho na bolsa para nunca perder a oportunidade de jogar uma partidinha de buraco.
Solange era uma pessoa muito franca, não tinha papas na língua. Frequentava o Centro Espírita Grupo Socorrista Itaporã, onde ministrava passes e era bastante ativa. Dedicava-se a várias tarefas, fosse na cozinha, nos bazares beneficentes ou até nos cortes de cabelos para a comunidade carente.
Viciada em jogar buraco, também gostava de mexe-mexe, e ensinou todos os netos a jogar. Andava sempre com um baralho na bolsa e tinha o hábito de em todo encontro familiar convocar os netos para "perder pra ela" no buraco. "No Natal de 2021 e no Ano-Novo sentimos muita falta disso; dela guardar todo o "lixo", não deixar passar uma carta no buraco e, de repente, descer várias canastras e bater", conta a neta Melissa.
Ela também tinha o dom da comunicação e muito jogo de cintura. Estava sempre trabalhando, vendia perfumes e constantemente promovia bazares na própria casa. Além disso, fazia uns salgadinhos muito bons e uma batata-palha maravilhosa.
Bachan, como era chamada no seio familiar, era mãe solo e, além dos três filhos, teve sete netos e dois bisnetos. Amava assistir dramas e sempre foi muito independente, com muitos amigos e querida por todos.
Pescaria era uma das atividades favoritas dessa mulher, que era apaixonada por viagens, principalmente as que fazia para a cidade paulista de Bauru. "Uma vez, a gente estava pescando num lago onde existiam apenas algumas carpas. Ela não hesitou e levou uma para o nosso jantar", relembra Melissa.
A neta conta que a Bachan tinha o hábito de usar dolomita em tudo. O mineral tem propriedades naturais, semelhantes às dela: intervir com rapidez e facilidade, ajudando a acalmar, tonificar, cicatrizar e revitalizar cada um que tocava com sua boa energia. E essa mesma energia ainda pode ser sentida pelos seus em cada recordação dos momentos vividos com ela.
"Minha avó era simples e feliz, gostava de estar no meio das pessoas, gostava de ajudar os outros, gostava de cozinhar e de viajar, sempre foi muito do mundo. Não acho que ela tinha sonhos, mas que foi muito feliz e se divertiu muito durante a vida", reflete Melissa e finaliza: "Ela deixou lembranças boas e muita saudade. Que ela fique bem, onde quer que esteja".
Solange nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Solange, Melissa Akemi Itimura. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 18 de janeiro de 2022.