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Tânia Maria Pereira de Andrade

1953 - 2020

Sempre bem-humorada, fazia piadas de si mesma. Amava um bom forró.

Tânia, que de repente mudou o próprio nome e passou a se apresentar como Thayla, era uma mulher que amava curtir a vida. Uma adolescente de 67 anos que adorava ir ao forró. Segundo ela, sair para um forró era sua terapia e escape, pois enquanto estava lá, nada mais existia. Mesmo com um "esporão" como ela dizia, um em cada pé, quando dançava esquecia as dores. Seu filho Umberto e todos os outros falavam que as dores eram apenas de segunda a quarta, porque de quinta a domingo era dia de forró.

Trabalhadora e ótima costureira, casou-se com Darlo Elizeu e teve os filhos: Umberto, Taiz, Janaina e Carolina, que lhe deram seis netos homens e mais uma felicidade: a tão sonhada netinha de quem se orgulhava ao mostrá-la a todos. Amava reunir a família e tinha um humor gigante, gostava de sorrir e fazer piada consigo mesma. Cativava a todos e não guardava rancor de ninguém.

Sua grande virtude era a resiliência, pois apesar dos desafios que a vida lhe proporcionou, sempre seguiu em frente.

Uma das provas de seu bom humor é que, certa vez, ao chegar em casa, Tânia percebeu que havia esquecido a chave, tentou pular a janela e caiu, foi um tombo muito feio que ela descreveu da seguinte forma: "Fiquei no chão igual a uma tartaruga de pernas para cima".

Ao contrair a Covid-19, ficou internada durante pouco mais de um mês e, quando já havia se livrado do vírus, uma infecção tomou conta dos pulmões. Continuou lutando até o final, uma verdadeira guerreira que deve ser lembrada como a pessoa que nunca desistiu e que sorriu da vida. Deixa muita saudade.

Tânia nasceu em Salgueiro (PE) e faleceu em Francisco Morato (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Tânia, Umberto Andrade. Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por Júlia Paranhos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 18 de dezembro de 2020.