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Teresinha Rodrigues Alves

1938 - 2020

Mulher vaidosa, usava o batom vermelho como uma capa para enfrentar dificuldades e cuidar dos filhos.

Teresinha era uma mulher de coração enorme, vaidosa e geniosa. Gostava de estar sempre arrumada, com seus colares no pescoço, as unhas feitas e o batom vermelho nos lábios. Ela dizia que era para chamar a atenção. Mas quem sabe não fosse seu jeito de mostrar-se guerreira a esse mundo com tanto sofrimento?

Afinal, ela fazia questão de contar a todos as batalhas das quais saiu vencedora. O câncer, o derrame, o herpes zoster não foram páreos para ela e caíram um a um como soldados no campo. O casamento difícil não a impediu de cuidar dos oito filhos com amor, carinho e muita alegria. Pelo contrário, transformou Teresinha em uma mulher ainda mais forte.

Seu jeito brincalhão também mostrava que a vida podia ser leve e doce, mesmo diante dos problemas. Brincava com os filhos dizendo que queria viver 100 anos, e que eles teriam que aguentá-la. Sorria e gritava “Sai pra lá, Corola. Sai pra lá, Corola”, caçoando do vírus.

“Podemos até imaginá-la ao lado do marido e de Deus, acenando para nós da varanda da casinha que ela dizia que tinha lá no Céu. O sol morno aquecendo seu coração cheio de fé, batendo em seu rosto e iluminando seus lábios pintados de vermelho.”

Teresinha nasceu em Francisco Sá (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Teresinha, Shirlei Alves Savi. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Ricardo Valverde, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.