1950 - 2021
Hiperativa e independente, era essencialmente uma alma livre.
Terezinha sempre gostou da liberdade. Seu irmão dizia que, se tivesse dinheiro, ela conseguiria se virar para andar de ônibus e atuar como faxineira. Hiperativa, não deixava uma louça na pia e, mesmo debilitada pela doença que sofreu nos anos 80, viajava do interior para Osasco, cidade natal das filhas, para visita-las e depois retornava para Piracicaba, onde ficavam suas irmãs.
Em busca de uma vida melhor, foi para a Grande São Paulo e começou a trabalhar no Banco Bradesco como faxineira. Lá conheceu José, um segurança terceirizado, que se tornou seu marido; ele faleceu em 2000. Os dois fizeram família, e seus filhos trabalharam e moraram nas dependências da Cidade de Deus, que na época hospedava os trabalhadores e seus familiares. Posteriormente, seus netos estudaram na Fundação Bradesco.
Depois da aposentadoria, Terezinha sentiu efeitos do AVC. Ela sofreu alguns acidentes vasculares em uma época que a medicina não era tão avançada e isso afetou os seus movimentos. Mesmo assim, conseguiu se virar e até passou Natal com as filhas em meados de 2000. Em maio de 2016 sofreu o último AVC, que a deixou de cama por quatro anos e meio. A luta foi árdua, porém conseguiu vencer as dificuldades até ser contaminada pelo coronavírus.
Após sua partida, seus parentes lembraram com amor e saudade do quarto onde ela dormia. Do aniversário em que ela, mesmo com diabetes, comeu um bolo com as próprias mãos. E de suas peripécias.
Terezinha nasceu em Palestina (SP) e faleceu em Piracicaba (SP), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Terezinha, Roselei Xavier Correa. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Paulo Octávio Pacheco, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 9 de março de 2021.