Thiago Domingues da Silva

1981 - 2021

Acreditava ser possível tirar algo de bom da vida, mesmo nos piores momentos.

Com seu sorriso lindo e gigante, sempre brincalhão com todos, ele era a motivação em pessoa. Era o filho mais velho de Heloíza e viveu com ela e os quatro irmãos, nos Estados Unidos, até uma certa idade. Por intercorrências da vida, voltou ainda jovem para o Brasil. Longe da mãe, passou a viver com a avó, os tios e com os primos, com quem mantinha um relacionamento de irmão. A convivência com os irmãos biológicos e com a mãe foi mantida, e apesar dos poucos encontros presenciais, cada reencontro trazia sempre muita alegria.

Ao voltar para o Brasil, Thiago trabalhou como professor de inglês e idealizou projetos de futebol americano na cidade de Ferraz de Vasconcelos, proporcionando experiências enriquecedoras para crianças e jovens de alta vulnerabilidade social por meio do esporte. Por sua atuação, era chamado de Coach ou de Blue, e apesar de morar por muitos anos no Brasil, nunca perdeu seu sotaque de estrangeiro.

Anos depois, Thiago recebeu um importante convite para ser técnico de futebol americano na China e aceitou o desafio. Nessa empresa, ele pode viver uma maré de coisas boas, pois, com sua inteligência e carisma, conseguiu realizar grandes conquistas e tornar-se um destaque, o que lhe valeu o reconhecimento da gerência regional. Ele trabalhava muito, mas sentia-se feliz com as portas que se abriram para ele.

Muito prudente e sem saber quais seriam os desdobramentos da situação da pandemia, quando a quarentena se instalou no mundo, Thiago retornou ao Brasil. Morou por algum tempo com seus padrinhos e também com sua tia Miriam enquanto aguardava, ansioso, a sua vez de tomar a vacina. Ele queria retornar com brevidade para a China, onde estava muito bem engajado profissionalmente e com projetos esportivos em andamento.

Thiago era aquele tipo de pessoa que mesmo distante fisicamente, estava sempre presente, e vivia preocupado com a mãe e os irmãos; quando podia, gostava de estar com a filha e os demais familiares. Ele também gostava de cozinhar, ocasião em que costumava ser convocado para fazer as saladas que tanto apreciava.

Era o pai de Isabela, que dele herdou a inteligência, o sorriso e um coração maravilhoso; da mãe, recebeu a expressividade marcante. Ele amava muito essa filha e mantinham uma relação muito próxima. O maior sonho que Thiago acalentava era vê-la bem encaminhada na vida.

Laís se recorda da grande ligação afetiva que possuíam desde a sua infância, dizendo: “Thiago me buscava na escola, me ensinou um pouco de inglês, alugava filmes infantis quando eu era criança; por vezes, dividimos o mesmo bolo de aniversário, pois eram poucos dias de diferença e ele sempre me convencia a ficar com a parte maior”.

Junto com as boas memórias e a saudade que delas resulta, o que conforta a família é a certeza de que Thiago nunca deixará de ser amado e que, de algum modo, estará eternamente junto de todos, como sempre esteve.