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Tiago Alexandre Comar

1985 - 2021

Um homem bom, sem maldade nem malícia, que devotava puro amor a Deus, à família e aos amigos.

Nascido em São Paulo, Tiago foi morar em São Bernardo do Campo ainda criança e desde cedo já demonstrava uma generosidade ímpar: certa vez, passeando com seus pais, ao ver uma pessoa em situação de vulnerabilidade, sentindo frio, rapidamente tirou e doou para ela a blusa que usava. Onde quer que Tiago estivesse, pessoas necessitadas sempre iam em sua direção para lhe pedir auxílio, parecendo adivinhar o quanto pensava nos outros e sofria com a maldade humana.

Vivienne, sua esposa, relembra com saudade a história de amor que com ele viveu: “Certamente, a chegada do Tiago em minha vida foi uma providência divina. Quando morava em Piraju, interior paulista, recebi uma imagem de Santo Antônio, presente de Dona Yvonne, mãe de uma amiga. À noite, no mesmo dia, minha melhor amiga me enviou uma foto do Tiago. No dia seguinte, enviei um convite para ele me adicionar numa rede social que havia naquela época e nos tornamos amigos. Três meses depois começamos a namorar e dois anos e meio depois nos casamos, em Piraju. Ele era um marido espetacular! Paciente, dedicado e atencioso.

"Meu marido me amava incondicionalmente: um amor verdadeiro e profundo. Cuidava e reparava em mim, fazendo eu me sentir muito amada. Nossa música de casal era "Segredos", do Frejat. Tiago foi o meu único e grande amor! Fui presenteada por Deus quando nossos caminhos se entrelaçaram”.

Dois anos e meio depois da união o casal teve a filha Mariana Helena, que se tornou a razão da vida dele e que recebeu esse nome para honrar Nossa Senhora e homenagear Dona Helena, avó de Tiaguinho. “Ele se derretia pela menina: a cada nova descoberta da pequena, alguma gracinha feita despretensiosamente ou apenas quando a observava, era possível ver os seus olhos brilharem de encantamento. Todas as noites os dois rezavam juntos. Era um momento especial entre pai e filha! Além disso, a menina dava gritos esfuziantes quando pulava na barriga do Tiago, que correspondia alegremente à brincadeira. As últimas palavras que ouvi dele foram: 'Cuida da nossa filha!'", conta Vivienne.

Tiaguinho, como era chamado — embora tivesse mais de dois metros de altura —, conservou-se vida afora como um menino puro, sem maldade nem malícia. Devotava muito amor a Deus, à família e aos amigos. Era simples, alegre, divertido, companheiro, dono de um coração de ouro, generoso, trabalhador honesto e extremamente empático — sofria com a dor do outro.

Tiago era bastante apegado à família, que dizia ser a sua riqueza. Vivia para a esposa, a filha e os pais e, quando estavam reunidos, gostava de saborear uma deliciosa pizza, enquanto conversavam e se divertiam muito. Em seus momentos livres, gostava de ler, ouvir músicas e assistir a documentários. Ele era extremamente inteligente!

Formado em Engenharia de Produção, Tiago trabalhava na empresa de seu tio Pedro, com o qual se relacionava muito bem e por quem tinha grande respeito e cuidado. Realizado, não dormia sem antes agradecer a Deus pelo pão de cada dia.

Sua altura lhe permitia fazer proezas, como trocar as lâmpadas só levantando a mão. “O meu marido era forte, adorava me pegar no colo e me jogar nas costas”, fala Vivienne. "Certa vez, enquanto atravessava uma faixa de pedestres, uma moto não parou no sinal e bateu em cheio nele. Com o impacto, a frente da motocicleta estragou-se inteiramente e foi Tiago quem ajudou o motorista a se levantar".

Uma outra história especial também é relembrada pela esposa: “Passei 25 horas em trabalho de parto e o meu marido permaneceu ao meu lado durante todo o tempo. Após o nascimento da nossa filha, ele passou mais uma noite em claro, mesmo sem ter dormido e com o pé machucado. Em nenhum momento reclamou: muito pelo contrário, estava em êxtase”.

Tiago era um homem repleto de fé e espiritualidade. Católico de corpo e alma, amava a Igreja. Temente a Deus, procurava seguir todos os ensinamentos de Jesus: rezava muito e se preocupava com todos ao seu redor. "O convívio com o Tiago me aproximou ainda mais de Deus", diz Vivienne. "Ele viveu para amar e honrar o Senhor”.

Entre as preferências de Tiago estavam pizza, churrasco e o Palmeiras, cujos jogos despertavam nele um misto de emoções: sofria, torcia e vibrava. Entre as suas maiores alegrias na vida estava a lembrança de quando levou o pai, Ângelo, para assistir a um jogo no estádio. Tiago desejava ser um filho cada vez melhor e nutria o sonho de fazer uma viagem com os pais.

Relembrando sobre a passagem de Tiago, Vivienne relata: “Fui visitá-lo no hospital e assim que cheguei na UTI avistei um enorme Santo Antônio, bem na entrada. Logo após, ao encontrar Tiago no leito hospitalar, senti que sua alma não estava mais lá. Depois de sua partida, percebi que Santo Antônio estava ao nosso lado em todos os momentos: do instante em que nos conhecemos até a chegada do meu marido aos Céus”.

"Ele foi meu grande amor, meu melhor amigo, parceiro para tudo, esposo fiel e dedicado. Lutava para sermos uma família unida e feliz. Um pai incrível, presente e muito brincalhão. Esse é um pouquinho do que foi o meu Grande Tiaguinho.”

Tiago nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Jaú (SP), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Tiago, Vivienne Comar. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 3 de julho de 2023.