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Uilma Andrade dos Santos Santana

1982 - 2020

Em sua sabedoria, não importava o agravo recebido, dizia que "jamais se deve retribuir na mesma moeda'".

Tia Uilma, como era conhecida por todos, era alegre e gostava de casa cheia. Ficava muito feliz ao estar rodeada por seus sobrinhos consanguíneos, amigos e os sobrinhos do coração. Em ocasiões assim, a família juntava-se para cantar, jogar algo divertido, conversar e saborear os inesquecíveis macarrões que ela preparava.

Era Técnica de Enfermagem e possuía uma empresa de cuidadores de idosos. Ela amava essa atividade profissional, oferecendo os melhores cuidados às necessidades de seus pacientes. Dedicava-se com tal zelo a cuidar, que não foram raras as vezes em que ela foi além do vínculo cuidador/paciente.

Ela possuía um hábito marcante. Quando alguém estava triste, ela sugeria um banho, dava um abraço e servia à pessoa uma Coca-Cola gelada. Tia Uilma, que era vocacionada ao cuidado, possuía também os dons de aconselhar e de acalmar, fazia qualquer pessoa se sentir bem.

Foi casada duas vezes. Do seu casamento com Adão Herculano, teve dois filhos: Pedro Wallafy e Arthur Bernardo. Tempos mais tarde, casou-se com Admilson que já era pai de Erick Guilherme. Era mãe muito apaixonada por seus três filhos, criando-os e amando-os sem distinção. Referia-se a eles como 'os homens da vida dela'. Era seu desejo adicionar o sobrenome do atual marido aos nomes de seus filhos biológicos. Pensava também adicionar o seu sobrenome ao nome de Erick. Amava muito o marido Admilson, que esteve com ela até o seu último dia.

Ensinou inúmeras coisas a seus filhos com o objetivo de que eles se tornassem independentes. E com o seu exemplo pessoal, ela demonstrava a todos de sua família o valor em agir de boa-fé, doando-se e ofertando ao próximo sempre o melhor de si.

Amor, ternura, alegria, generosidade, acolhimento, são palavras que a descrevem. Somada a essas virtudes, Tia Uilma demonstrava uma enorme capacidade de liberar perdão e de não guardar mágoas.

Agatha, a sobrinha, relata ter observado uma evolução espiritual importante em sua tia: "Sabe quando uma pessoa é boa e, ainda assim, você consegue perceber uma elevação de qualidade superior em seus traços de personalidade? Pois é. Notamos essa mudança em seu jeito e forma de falar da vida; de Deus; no modo de lidar com as situações ou com as pessoas ao redor. Procurava manter inteiro controle da própria vida e essa atitude foi observada mesmo assim que ela adoeceu. Ela não permitia que fatores externos ou os percalços do dia a dia a aborrecessem. Conseguia manter o mesmo espírito jovial de sempre. Não permitia que nada influenciasse o 'seu querer'. Eu costumo falar que ela transcendeu, tornou as suas boas características ainda melhores. Penso que ela evoluiu como pessoa, filha, tia, irmã, mãe, amiga, enfim, aperfeiçoou-se nesses vários papéis sociais."

Ela frequentava assiduamente a igreja evangélica e participava de todos os eventos de sua congregação. Era comum chegar-se à sua casa e ela estar ouvindo algum louvor. Ela sempre ia ao monte orar, criava e participava de campanhas na igreja.

"Tia Uilma é parte inseparável de minha história. Ela foi mais que uma tia, foi colo, abrigo, inspiração, amor e cuidado. O que me conforta é saber - que a morte de um justo filho de Deus, redimido pela graça do Senhor e lavado no sangue de Jesus - é motivo de alegria, pois ela chegou ao lugar para o qual estamos lutando para chegar.", conclui Agatha.

Uilma nasceu em Montes Claros (MG) e faleceu em Montes Claros (MG), aos 38 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Uilma, Agatha Marjara. Este tributo foi apurado por Ana Laura Menegat de Azevedo, editado por Ricardo Henrique Ferreira, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Ana Laura Menegat de Azevedo em 13 de outubro de 2021.