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Valmir Pereira de Melo

1948 - 2020

A generosidade e a alegria completavam o talento desse caboclo bonito que morria de medo de alma.

Esta é uma carta de Lubênia para seu pai Valmir:

Conhecido em Boa Vista, Roraima, como “caboclo Valmir”. Com sangue indígena nas veias, trilhou seu caminho extraindo seu sustento da natureza, mais precisamente da exploração mineral.

Valmir era um homem generoso, sentia-se realizado em ajudar quem necessitasse. E também era vaidoso, só gostava de andar bem vestido, sempre cheiroso, muito bem penteado.

Pai zeloso, carinhoso e presente. Avô amável e brincalhão, conhecido entre os netos como Vovô Mimi.

Meu pai era um ser humano feliz e que gostava de viver. Tinha muito medo de alma e tinha aversão de passar na frente de cemitério.

Uma outra característica marcante era a teimosia. Eita como era teimoso o seu Valmir!

Nós perdemos um ser humano ímpar, e o céu ganhou mais um anjo de luz, cuja grandeza jamais será esquecida por quem o conheceu.

Mas Deus, em sua infinita misericórdia, há de nos confortar. Hoje ele está jogando canastra, seu principal hobby, ao lado do Pai.

Fique em paz seu Valmiiiiiiir!

Valmir nasceu em Boa Vista (RR) e faleceu em Boa Vista (RR), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido filha de Valmir, Lubênia Pinheiro de Melo Parente. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 7 de novembro de 2020.