1969 - 2020
Baiano feliz, apaixonado pela família. Agora está "ok ok" cantando Raul Seixas em outras bandas.
Não tem como pensar em Valter e não ter a imagem do típico baiano: alegre, divertido e boa gente. Torcedor nato do Bahia e apaixonado por Salvador, amava a família e curtir a vida.
Foi casado por vinte e quatro anos com sua amada esposa, Neia, e derretia-se pelas filhas: Larissa, Mariana e Kelly Stephanie. Ao sair de casa, dava um carinhoso beijo na testa de cada uma de "suas mulheres". E, antes de trabalhar, não dispensava o passeio com a netinha, Ísis, por quem era vidrado.
A sobrinha Carol conta que lembra do tio Val, como era conhecido na família, sempre feliz. “Ele achava a vida ‘ok ok’. Aliás, essa expressão era seu lema para tudo. Ele usava ‘ok ok’ ao invés de perguntar se estava tudo bem. Às vezes também, meu tio indagava: ‘como chegou de viagem?’, mesmo não tendo nenhum contexto. Era uma figura. Levava alegria onde quer que fosse”.
O prazer de Kiba, como era conhecido entre os amigos, era ficar com a família, tomar uma "gelada" e curtir o som de Zé Ramalho. Ele gostava muito de músicas e, aos sábados, cantarolava "junto" com Raul Seixas.
O último de seis filhos, deixou dona Ana de Sessê com o coração partido sem o seu "caçulinha", como o chamava.
Kiba já foi taxista, já comercializou fotografias para documentos, mas seu entusiasmo sempre foi pela estrada, amava viajar. Trabalhou como motorista, fazendo viagens para Salvador, por cerca de vinte anos. Tinha imenso prazer em ir àquela cidade e, diz Carol, que lhe contou o desejo de lá fixar residência após a aposentadoria.
Enquanto isso, curtia seus passatempos favoritos: zelar por seu automóvel, colecionar coisas antigas (televisores, câmeras e outros eletrônicos) e fazer ciclismo. Aos sábados, gostava de ir à feira municipal. Chegava em casa com laranjas e se distraía passando óleo de soja nelas. “Dizia que era pra dar brilho”, relembra Carol, que complementa: “Meu tio tinha um carinho pelo seu Del Rey. E lá dentro sempre tinha um pente e um perfume.”
A sobrinha entrega outros hábitos do alegre baiano: ele não comia nada sem farinha de mandioca! E partilhar a cerveja em uma conversa entre amigos, era um programa que Kiba adorava desfrutar.
“Ele tinha uma mania: não podia avistar uma espinha no rosto da filha Mariana que lá ia ‘picar’. A infância traz lembranças singulares vividas em família. Com seu jeito divertido, ele achava muita graça do medo que eu tinha de escuro quando criança, mas ao mesmo tempo me contava histórias de bichos. Eu ficava ainda mais assustada!” Relata a sobrinha, confessando, depois de pensar a respeito: “acho que seu defeito e qualidade eram o mesmo - levar tudo na graça”
Bom humor realmente parecia não faltar a Kiba. A família transforma a saudade nas melhores lembranças buscando sua alegria para seguir.
Valter nasceu em Mutuípe (BA) e faleceu em Santo Antônio de Jesus (BA), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha de Valter, Ádna Caroline dos Santos Almeida. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Denise Pereira, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 19 de junho de 2021.