1941 - 2020
Fama de durão e um coração de açúcar, assim era o piloto que amava voar e mimar o cãozinho Dylan.
Um militar durão que se derretia todo com os netos.
Mecânico de aviões, amava o que fazia. Trabalhou durante anos na Aeronáutica, e pôde conhecer muitos países graças ao emprego que tinha. Orgulhava-se muito da profissão e era apaixonado pelo céu. Amava voar.
Foi casado por cinquenta e sete anos com lenira, a mulher com quem se realizou como esposo, dividindo momentos bons e ruins. Construíram um casamento sólido e cheio de amor, que foi ampliado com a chegada dos filhos: Sandra, Hermann e Sunie.
Foi um pai presente, e, mesmo com o jeito sério e as regras rígidas, amou os filhos como todos os pais deveriam amar. Tinha muito orgulho de todos, e os criou no caminho da justiça e da honestidade. Depois, quando vieram os netos, o jeito durão e a pose de militar não duraram muito tempo. Vanderlei se derretia quando os pequenos subiam em seu colo.
Inteligente, era fluente em três idiomas. Graças à facilidade para aprender, conseguiu aprender inglês e alemão nas viagens realizadas a trabalho, além do português, que era a língua nativa. Calculava todas as informações de voo "de cabeça". Era especialista em bússolas e aparelhos de localização de aviões. Orgulhava-se muito das conquistas no trabalho, e de ser um homem digno.
Tranquilo, todos os anos não abria mão de uma boa pescaria no rio Araguaia. Como bom gaúcho, era apaixonado por churrasco. Um dos maiores prazeres de sua vida era fazer carinho no seu cachorro Dylan, que o esperava todas as manhãs na cadeira da varanda.
Há 10 anos, enfrentou um AVC, fato que adiantou sua aposentadoria. As sequelas o deixaram sem falar nem andar. Precisou de três anos para aceitar a nova realidade. Tinha dois enfermeiros, Ervane e Maycon, que cuidavam dele diariamente, e Vanderlei era grato a eles pela ajuda. A família também não o desamparou, fazendo o melhor que podia para que o ex-mecânico ficasse confortável. Providenciaram tudo que ele gostava e não deixaram faltar o principal: amor.
Vanderlei deixa um legado de amor, honestidade e justiça. A família lembra com orgulho do militar durão e dono de um coração derretido. O mecânico de aviões foi chamado pelo Senhor para voar em seu próprio céu.
Vanderlei nasceu em Ijuí (RS) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Vanderlei, Sunie Xavier Friedrich. Este texto foi apurado e escrito por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Ana Macarini em 30 de março de 2021.