1976 - 2021
Alegre e de riso contagiante, arrasava na cozinha, preparando as mais apetitosas coxinhas para sua amada Vanessa.
Vanderson era chamado de Bi pela esposa, Vanessa — simplificação da palavra bigorna, porque, embora ela se confesse bem mais teimosa que o esposo, ele era um pouco cabeça dura.
Era dono de uma risada gostosa, escandalosa e dada sempre com vontade. Ele ria do Chaves, de vídeos, de piadas... Ria com tanto gosto de coisas tão simples que mesmo não achando a mínima graça, a esposa acabava rindo junto com ele.
Bem caseiro, maratonava séries, lia livros, estudava e gostava de sair para comer. Gostava muito de seu lar e procurava aproveitar todos os momentos ao lado da esposa, que, junto a ele, gostava de assistir Star Wars. Tinha o costume de fazer uma lista na ordem dos filmes que ele e a esposa deveriam assistir e Marvel era sua verdadeira paixão. Além disso, gostava muito dos filmes do Adam Sandler. Não gostava de ver notícias tristes e assim não via jornal, só selecionava séries e filmes que lhe trouxessem alegria.
Honesto, companheiro, estudioso e trabalhador, Vanderson atuava no ramo da informática e era um verdadeiro autodidata nessa área. Altruísta, era amado por seus colegas de trabalho e sempre estava disposto a ajudá-los, quando tinham dificuldades com planilhas. Tinha poucos amigos, mas os que tinha eram amigos do peito.
Cultivava o amor pela culinária e sabia cozinhar muito bem; utilizava somente temperos naturais, nada industrializado. Vanessa conta que as coxinhas feitas pelo Bi eram as melhores e que, apesar de ter trabalhado em seus últimos anos de vida como Fiscal de Prevenção, controlando caminhões de entrega em mercados, seu plano era trabalhar com sua verdadeira paixão: cozinhar. Queria mesmo era empreender nessa área e seu estabelecimento já possuía até um nome: Kiki Coxinhas.
Um outro sonho do casal era visitar os Estados Unidos, inclusive para conhecerem a culinária do país. Para realizá-lo tinham se preparado durante cinco anos juntando dinheiro, tirando passaporte, planejando destino e roteiros.
Vanessa é pródiga ao descrever sua relação com Vanderson. Ela conta que trabalhava numa sorveteria e foi apresentada a ele por uma amiga em comum. Para conquistá-lo, colocava uma quantidade generosa de sorvete em seu pote. Namoraram por um ano e depois casaram-se. Viveram `dezoito lindos anos de muito companheirismo e apoio. Iam ao mercado juntos, assistiam a filmes, jantavam sempre sentados à mesa e no mesmo horário. Viviam um para o outro e optaram, desde antes do casamento, por não ter filhos.
Ela se recorda do quanto ele era metódico em tudo, até na maneira de deixar o papel higiênico virado para cima, assim como era feito nos hotéis e no exército e, caso estivesse virado para baixo, corrigia a esposa e dizia que não estava da maneira correta. As buchinhas de lavar a louça e também as buchas de banho, deveriam estar sempre sem espumas. Sequinhas!
“Vanderson viveu de maneira leve, soube aproveitar os momentos bons da vida, e sempre da sua maneira, sem se importar com opiniões alheias. Meu amor, meu querido, meu eterno esposo. Te amo!”, conclui Vanessa.
Vanderson nasceu em Ribeirão Preto (SP) e faleceu em Ribeirão Preto (SP), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Vanderson, Vanessa Priscilla de Oliveira Munari. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha , editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 6 de março de 2022.