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Rita de Cássia Costa Araújo

1994 - 2020

Defendia a diversidade, sabia o nome científico de várias plantas e adorava cozinhar. Era impossível não amá-la.

Dona de um riso fácil, de uma energia contagiante e de um sorriso inconfundível... era impossível não amar a Ritinha.

Ela sempre esteve cercada de vida. Amava reunir as crianças ─ seus sobrinhos e os filhos de suas primas ─, para um dia de cinema, com direito a bastante pipoca e misto-quente. Trazia alegria para a rotina de sua avó, com quem morava após um longo período vivendo sozinha por conta dos estudos. Era a melhor companhia para qualquer passeio. Fosse para ir ao supermercado, comprar roupas ou tomar sorvete, Rita sempre trazia estampado no rosto o seu sorriso de sempre ─ nem mesmo os muitos anos que passou usando aparelho ortodôntico conseguiram modificá-lo. Ela também amava suas plantinhas: na faculdade, aprendeu o nome científico de várias delas.

Usava parte de sua enorme energia para defender a diversidade, principalmente dentro da causa LGBT. A luta pela igualdade e por direitos era mais uma face dessa mulher incrível.

Rita adorava cozinhar: sua torta de frango dava água na boca de qualquer um. Quando recebia alguém em casa, preparava um banquete com seu tempero especial. Tudo isso sempre ao som de seu gosto musical único. Uma vez, do dia para a noite, decidiu que se tornaria fã da banda rival do grupo de k-pop preferido de uma de suas amigas, apenas para provocá-la e para fazê-la rir.

Era uma viajante apaixonada e, na volta sempre contava todos os detalhes das aventuras pelo país para seus amigos. Os momentos mais engraçados ficavam gravados em vídeos e fotos. Carregava consigo as memórias dos novos lugares e das pessoas que conhecera no caminho.

Ela sempre foi assim, uma pessoa de coração enorme que emanava alegria, repleta de vontade de viver. Simpática, carismática, segura de si e de suas ações.

Para a comemoração da chegada de 2020, seu último Réveillon, levou uma travessa com salada, que nunca buscou de volta. Ao lado dos amigos, festejou o Ano-Novo do jeito que ela mais gostava: com muita música, comida e sorrisos. Pela manhã, depois de uma noite de jogos, descobriram um gato escondido dentro do capô do carro.

Havia concluído a graduação em Agronomia e iria começar a trabalhar, cheia de sonhos e de planos para um futuro brilhante. Partiu rápido demais, sem conseguir se despedir direito de todas as pessoas queridas, que sempre levarão no coração a lembrança de tantas alegrias vividas ao lado de alguém tão especial, amada e perspicaz.

Rita nasceu em Marabá (PA) e faleceu em Marabá (PA), aos 25 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela prima e pelas amigas de Rita, Laila Maria Araújo Guimarães, Sílvia e Maísa Alves. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Victoria Vital, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.