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Vilson Fábio Senderski

1973 - 2021

Para ele, nada precisava se levado tão a sério. Guardava na memória os momentos felizes com os filhos.

Fábio era uma pessoa sorridente que adorava fazer as pessoas rirem. Era daqueles que fazem piadas com tudo. No trabalho, superexigente com resultados, era promovido com frequência. "Talvez em função de gastar toda essa energia nas responsabilidades fora de casa, para nós ele era uma eterna criança", pondera Cleonice, sua esposa, que complementa: "Ele literalmente brincava com nossos filhos como se tivesse 5 anos de idade. Como marido era amoroso e verbalizava o que sentia dizendo o quanto era grato pela minha existência".

Adorava "mexer na casa", que por isso estava sempre em obras, o que deixava Cleonice estressada com tanta reforma. "Num sábado pela manhã, quando eu estava no trabalho, ele me enviou um áudio dizendo 'Amor, pode demorar pra voltar pra casa hoje, ok? Pode ir fazer seu cabelo?' E então me enviou um vídeo com a parede da sala derrubada. E nossos meninos, junto com ele, quebrando tijolos! Quase desmaiei ao ver toda aquela fumaça de pó no vídeo. Ele achava que a sala ficaria melhor se a juntássemos com a cozinha e fazia essas coisas dando gargalhadas, feliz! Não tinha como ficar brava com ele... Ah!, e ele limpava tudo sozinho. Isso era ótimo!", conta a esposa, lembrando o quanto eram felizes e como ficava tudo muito bonito até a nova empreitada de Fábio, que pouco depois já começava a querer quebrar outra parede da casa.

A esposa tem ainda inúmeras boas histórias que guarda com carinho para contar aos filhos. "A saudade é grande e o amor é eterno!", conclui Cleonice.

Vilson nasceu em Joinville (SC) e faleceu em Joinville (SC), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Vilson, Cleonice Andrade. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 12 de maio de 2021.