Sobre o Inumeráveis

Virgínia Ribeiro da Silva Otoni

1956 - 2020

Corajosa, sincera e sorridente, tinha um coração gigante e acolhedor.

Virgínia teve três filhos biológicos. Mas seu coração era tão grande que outros filhos foram acolhidos. “Adotivos assim como eu, eram muitos”, relata a amiga e filha adotiva Flávia.

Além de mãe, Virgínia foi uma esposa e uma avó muito cuidadosa. “As netas até hoje sentem sua falta”, conta a filha Lilian. Virgínia achava que não teria mais netos e não é que chegou mais um netinho após sua partida?! Chegadas e despedidas...

Virgínia era auxiliar de serviços gerais da Escola Estadual São João da Escócia. “Era uma pessoa muito querida, amava trabalhar naquela escola, amava seu trabalho, amava cuidar daqueles meninos”, afirma Lilian.

Brincalhona e sorridente, também era muito sincera, tanto na escola, como em casa. Segundo Lilian, “ela era aquela mãe que cuidava, mas que brigava também”.

Gostava muito de cozinhar. “A merenda dela era uma delícia”, conta Flávia ao relembrar do trabalho que Virgínia teve na cantina da escola.

Virgínia era diaconisa na Igreja Quadrangular e adorava o que fazia. Segundo as filhas, era muito dedicada à igreja e amava todos os louvores. “Ela se entregou de corpo e alma, amava Jesus Cristo”, declaram.

Outra paixão de Virgínia era a cachorra Rita. Tinha três cachorros, mas a pinscher Rita era especial. Chegou pequenininha na família e ganhou espaço, amor e cuidado. Lilian lembra-se da mãe falando carinhosamente com a cachorra: “Rita, você não vai morrer, não. Você está tão velhinha, mas não vai morrer!” Rita continua com a família.

Nas horas vagas, Virgínia e as filhas gostavam de jogar Uno e Banco Imobiliário. Elas se envolviam na brincadeira e acumulavam alegrias: “a brincadeira ficava tão intensa, tão intensa... Nós três brincávamos e não deixávamos ninguém entrar no meio da brincadeira”.

Ela se divertia em uma brincadeira, em uma viagem ou nos encontros com a família. “Tudo que a gente propunha, ela fazia, porque para ela a felicidade vinha em primeiro lugar. E realmente ela viveu intensamente”, declara Lilian. Após sua morte, a família encontrou um dinheiro que ela estava juntando para levar a família para se divertir em um clube. “O plano dela era levar a gente para passear durante toda a semana do Dia das Crianças.”

Virgínia superou vários obstáculos com coragem. Teve um pequeno tumor no abdômen, era diabética, hipertensa, sentia muitas dores. Mas continuava como uma guerreira e falava: “O meu medo é só das mãos de Deus, eu não tenho medo da mão do homem não”, repete Lilian o discurso da mãe.

“Hoje, a gente sente falta desse pilar”, concluem as filhas essa homenagem à mulher tão valente e intensa que foi Virgínia.

Virgínia nasceu em Santa Luzia (MG) e faleceu em Santa Luzia (MG), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Virgínia, Flávia Cristina Fernandes Chaves e Lilian. Este tributo foi apurado por Samara Lopes e Hélida Matta, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2020.