1970 - 2020
Profissional empenhado e carismático, esse guerreiro possuía uma família que lhe bastava e a quem muito amava.
Uma das coisas que ele mais gostava era de comer um lanche de pernil na Rua 21 de Abril, na capital paulista. Mas a família estava no topo do ranking: ele amava estar com as duas filhas e a esposa. Costumava dizer que eles quatro se bastavam, pois sabiam brincar e se divertir juntos como ninguém.
Sua mania mais marcante era apelidar todos que conhecia. Era o rei dos apelidos e zoava com a cara dos amigos e namorados das filhas, dando cognomes a cada um deles.
Histórias engraçadas também não faltam para contar sobre Wagner, e a filha Jaqueline relembra a seguir uma das passagens que ficaram gravadas em sua memória: "Fomos para Orlando, na Flórida, era nossa primeira viagem internacional. Antes de chegarmos ao destino final, nosso roteiro tinha a cidade de Nova Iorque como início e, estando na Big Apple, caiu uma nevasca e não conseguimos sair da cidade para continuar o trajeto até Orlando de avião. Então, ele teve a brilhante ideia de alugar um carro e descer com toda a família até a Flórida. Foi a viagem mais doida que fizemos, dirigimos 18 horas seguidas, dividimos risadas dentro do carro, inventamos músicas para a viagem, lidamos com a dificuldade da minha mãe em falar inglês durante as paradas e ele conseguiu tornar o que parecia um desastre, no melhor momento das nossas vidas. Foram as 18 horas mais cansativas, mas também as mais engraçadas. Como ele dizia: 'pobre não pode inventar de fazer algo diferente que já dá errado.'"
Era administrador e fez parte de equipes de empresas de destaque no cenário de logística do país. Iniciou a carreira como gerente comercial na Trans-Til. Passou ainda pela Fastex, onde ocupou o cargo de diretor, além de ter sido gerente de unidades de negócios na IBL Logística e diretor na Viva Express. Trabalhou a vida toda para montar a própria transportadora e conseguiu montar um negócio de sucesso. Era conhecido no mundo da logística ─ onde conquistou amigos por onde passou nesse Brasil ─, por seu empenho e carisma. Ele era sensacional e chegou a ter seu talento reconhecido em vida, em uma reportagem de revista.
Tinha uma inteligência sem tamanho e sempre soube enxergar estratégias para montar um bom negócio, sabia exatamente por onde começar e entre fretes e “brigas” por contas em grandes empresas, construiu seu nome somando quase trinta anos de experiência no mercado.
"Ele era nosso melhor amigo, era um pai amoroso, conselheiro e, acima de tudo, um lutador. Como esposo, esteve por vinte e oito anos casado com minha mãe. Meus pais eram primos", conta Jaqueline sorrindo ao se lembrar que o casal se conhecia da vida toda, e complementa: "Mas o amor que eles tinham um pelo outro e o respeito eram inigualáveis. Todos os dias ele falava para ela 'Te amo, minha lindeza' e fazia questão de falar para a gente também que éramos o maior amor da vida dele."
Ele foi guerreiro, um exemplo de pai, de homem e de cristão. Lutou por sua família como ninguém. "Era o nosso super-herói", diz Jaqueline orgulhosa.
Seu maior sonho era ver as duas filhas formadas: Jaqueline, em Medicina e Isabella, em Economia. Chegou muito perto disso, pois a filha médica receberá seu diploma em 2021, orgulhosa pela ajuda do pai na escolha do curso. Outro sonho de Wagner era poder dar uma vida maravilhosa para a esposa Regiane, tornando-a ainda mais feliz. Ele era uma pessoa que não falava dos próprios sonhos, mas sua realização pessoal era alcançá-los com cada um dos seus.
Wagner nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Marília (SP), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Wagner, Jaqueline Pepe Lestingi. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 18 de dezembro de 2020.