1962 - 2020
Chamava os desconhecidos de gerente, e se descontraía nos goles de cerveja entre amigos.
Ele queria ser médico, o Walter. Devotar as horas do dia, da noite e das madrugadas afora com atenção e cuidados a quem precisasse. Chegou a tentar, algumas vezes, mas vinha de família humilde. Da medicina, lhe restou apenas o sonho que viu, anos depois, se materializar na filha Ana Luisa, que teve a alegria de ver se formar.
Walter era um homem de muitas qualidades e virtudes, como honestidade, empatia, generosidade e respeito à diversidade. Era também o homem das contradições: era calmo e tranquilo até ficar nervoso. Quando se irritava, o melhor mesmo era sair de perto, conta a esposa Margaret, com quem Walter partilhava a vida e os quatro filhos: Ana Luisa, Walter Hugo, Carolina Aparecida e Luiz Henrique.
Pelequim - apelido que recebeu em criança - iniciou sua atividade laboral como bancário, ofício que desempenhou por sete anos. Depois trabalhou como vendedor na Souza Cruz, por quinze anos. Embora não fumante, ele foi por duas vezes vencedor do concurso de melhor vendedor do Estado de Goiás. Foi secretário da Habitação em Porangatu entre os anos de 2013 a 2016. Depois, como funcionário público estadual, ocupava o cargo de diretor do Detran na mesma cidade.
Além do amor que tinha pela esposa e pelos filhos, Walter era apaixonado pelo Botafogo e também pela política, que exercitava como presidente local do PSC, partido pelo qual almejava uma candidatura à cadeira de prefeito de Porangatu. Formado em Gestão Pública, tinha projetos para a cidade, sempre pensando nas pessoas.
Gostava de beber cerveja com os cunhados, o compadre e os amigos. Embora fosse um homem calado e tímido, nesses momentos de descontração se tornava falador e engraçado, contagiando todos ao seu redor.
No fundo, no fundo, o que Walter gostava mesmo era de gente: nem super-herói, nem Deus, nem médico; era um ser humano que gostava de cuidar, de confraternizar e partilhar da alegria com as pessoas. Seu aniversario, no segundo dia de agosto, começava a planejar com um mês de antecedência. A comemoração se iniciava uma semana antes e terminava uma semana depois.
Para Walter a vida era um presente que ele fazia questão de celebrar.
Walter nasceu em Anápolis (GO) e faleceu em Porangatu (GO), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Walter, Maria Margaret Mendonça de Souza. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Rosa Osana, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 15 de setembro de 2021.